Marfrig (MRFG3): Morgan Stanley mantém ‘compra’ após rali em 2024, enquanto mercado prega cautela por 3 motivos
O Morgan Stanley manteve sua recomendação de overweight (equivalente a compra) para Marfrig (MRFG3), com preço-alvo de R$ 19,50 e potencial de alta em torno de 25%, com base nas operações resilientes apesar do ciclo de baixa nos EUA, mantendo o valuation da ação ainda atrativo. A estimativa para o Ebitda ajustado do frigorífico em 2025 é de R$ 12,45 bilhões.
“Semelhante à JBS, a Marfrig teve um forte desempenho de ações em 2024, ainda que a ação apresente queda de 7,11% em 2025 (até 16h01 desta quarta). Continuamos com overweight na ação, pois achamos que o mercado continua excessivamente cauteloso em relação à 1) carne bovina dos EUA, 2 ) avaliação e 3) alavancagem”, destacam Ricardo Alves, Lucas Mussi e Henrique Morello.
As escolhas do banco, em ordem de preferência, são JBS (top pick), Marfrig, Minerva Foods (neutro) e BRF (venda).
Com base nos números do quarto trimestre de 2024, que serão divulgados em 26 de fevereiro, o Morgan Stanley elevou sua projeção de Ebitda para 2025 e 2026 em 11%. A revisão foi impulsionada por números mais fortes da BRF, maior receita líquida na América do Sul devido a preços mais altos influenciados pelo câmbio, exportações e um mercado doméstico mais aquecido, além de um aumento nos volumes.
O banco também vê uma melhora nas margens tanto na América do Sul quanto na América do Norte, destacando que a empresa está bem posicionada para lidar com as incertezas relacionadas ao gado.
Valuation atraente para Marfrig
Para o banco, o frigorífico segue atrativo, com a ação sendo negociada em 5,4x 2025e EV/Ebitda, em linha a média histórica pré-BRF, mas com o valuation histórico tendo perdido relevância.
O Morgan Stanley destaca que o setor de carne bovina nos EUA está em seu momento mais desafiador do ciclo, com margens Ebitda em torno de 2%, abaixo da média de 5% observada em períodos mais equilibrados. Isso pode levar a uma subestimação do real potencial de lucro e geração de caixa da empresa. Além disso, o banco ressalta que, historicamente, a empresa tem um desempenho superior ao de seus concorrentes nos EUA.
O segundo ponto fica para a “nova Marfrig”, com uma participação de 50% na BRF, uma ação que é negociada a múltiplos consistentemente mais altos (6-7x) do que empresa de commodities puras, como outras proteínas da América Latina. Os analistas ressaltam que BRF responde por 55% da geração de Ebitda da Marfrig.
O Morgan Stanley acredita que os múltiplos históricos da Marfrig já não são uma boa referência. Isso porque o Ebitda projetado para o setor de carne bovina em 2025 ainda não reflete totalmente o potencial de geração de caixa da empresa, segundo o banco.
Se as margens da carne bovina nos EUA voltassem a um nível mais equilibrado, a Marfrig estaria sendo negociada a 4,6x EV/Ebitda, um patamar mais atrativo, na avaliação do banco. Sem considerar a BRF, os negócios de carne bovina da companhia estariam avaliados em 3,3x EV/Ebitda ajustado, o que representa um desconto de cerca de 40% em relação ao histórico pré-BRF.
O banco reforça que continua vendo as operações de carne bovina da Marfrig como subvalorizadas, destacando que sua nova projeção de Ebitda para a Marfrig Beef em 2025 está aproximadamente 10% acima do consenso do mercado.