Marfrig buscou acordo com Minerva antes de adquirir fatia na BRF
A produtora de carne bovina Marfrig Global Foods (MRFG3) tentou adquirir o controle da rival Minerva (BEEF3) antes de anunciar, na noite de sexta-feira, a aquisição de uma fatia na processadora de carnes suína e de frango BRF (BRFS3), disse à Reuters uma pessoa com conhecimento do assunto nesta segunda-feira.
A fonte, que pediu para não ser identificada, afirmou que as negociações foram interrompidas na semana passada, após a Marfrig assumir a participação na BRF, por preocupações com possíveis problemas com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Ainda assim, as negociações entre Marfrig e Minerva ambas focadas na produção de carne bovina jogam nova luz sobre a insistência do executivo Marcos Molina, fundador da Marfrig, de que o negócio com a BRF é apenas uma estratégia passiva de investimento que visa a diversificação em seu portfólio de proteínas.
A Marfrig preferiu não comentar sobre as conversas com a Minerva. Já a Minerva não comentou imediatamente o assunto.
As negociações entre Marfrig e Minerva foram inicialmente reportadas pelo site Brazil Journal nesta segunda-feira. As ações da Minerva subiam 2% nesta sessão da B3.
A Marfrig revelou na sexta-feira ter adquirido uma participação de 24% na BRF, mas disse que a manterá como um investimento passivo pelo menos por este ano.
Em uma entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal Valor Econômico, Molina controlador da Marfrig disse que poderá buscar um assento no conselho da BRF na assembleia de acionistas do ano que vem, mas que no momento não fará pressão por representação.
Molina também disse que sua intenção não é fundir as companhias, e que a aquisição da fatia de cerca de 800 milhões de dólares na BRF será paga com a geração de caixa da Marfrig.
A Marfrig confirmou à Reuters as declarações de Molina ao jornal.
As ações ordinárias da Marfrig recuavam 3% no pregão desta segunda na B3.
Embora atualmente a Marfrig esteja exclusivamente dedicada à produção de carne bovina, a companhia já foi proprietária de fábricas de carnes suína e de frango, comercializando produtos sob a marca Seara até 2013, quando vendeu a empresa à rival JBS para reduzir seu endividamento.
“Em nossas conversas com investidores, parte deles demonstrou ceticismo em relação ao investimento da Marfrig na BRF, dado seu histórico com a Seara”, disseram os analistas Victor Saragiotto e Felipe Vieira, do Credit Suisse, em nota enviada a clientes nesta segunda-feira.