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Marco Antongiovanni: você sabe o que é tokenização de ativos? 

24 jun 2021, 11:42 - atualizado em 24 jun 2021, 11:47
Neste artigo, por Marco Antongiovanni, da Clearbook, entenda mais sobre a possibilidade de tornar digitais bens do mundo físico (Imagem: Freepik/pikisuperstar)

A tokenização de ativos é uma das tendências mais importantes do mercado financeiro.

Trata-se de um conceito que só se tornou possível graças à criação da tecnologia blockchain por Satoshi Nakamoto em 2008, o que deu origem ao Bitcoin e a todo o mercado de criptomoedas que, hoje, vale centenas de bilhões de dólares.

Vale lembrar que o blockchain é um modo de organização de dados que permite o registro imutável de dados, bem como um registro histórico completo de como os dados registrados chegaram ao estado atual.

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O que é um token

Um token é um tipo especial de criptomoeda, que dá acesso a um tipo de serviço ou representa um ativo. De forma genérica, as criptomoedas do primeiro tipo são chamadas de “tokens de utilidade”.

Um exemplo seriam os fan tokens, emitidos por clubes de futebol. A posse desses tokens dá a possibilidade de votar em vários assuntos escolhidos pelo clube — criando mais um canal de participação e aumentando o engajamento dos torcedores.

Contudo, é o segundo tipo que mais nos interessa: aqueles tokens que representam ativos reais. 

A tokenização de ativos

A invenção do blockchain traz mais segurança e transparência para quem investe nos mais diversos tipos de ativos digitais (Imagem: ClearBook)

Com o tempo, entusiastas da tecnologia blockchain foram percebendo suas múltiplas possibilidades: liquidação de transações financeiras, transferência de recursos, criação de marketplaces sem a necessidade de um terceiro intermediário, dentre muitas outras. 

Essas possibilidades são materializadas ao adicionar “smart contracts” (contratos inteligentes) ao blockchain. Um smart contract é um código programado para se autoexecutar conforme determinadas regras.

Um exemplo simples seria o equivalente a uma conta “escrow”. Imagine um dinheiro depositado em uma conta, esperando a chegada de determinada mercadoria em um porto.

Quando a mercadoria chega, o dinheiro é liberado pelo banco ao vendedor. Aqui, o smart contract permitiria que comprador e vendedor realizassem a transação diretamente, sem intermediários.

O próprio código se encarrega de transferir os recursos, uma vez que a mercadoria tenha comprovadamente chegado.

A tokenização de um ativo nada mais é do que a representação digital, por meio de um smart contract, de um bem real.

Esse bem real pode ser qualquer coisa — um imóvel, uma obra de arte, um título do tesouro, uma ação… Praticamente tudo pode ser tokenizado. Até mesmo algumas pessoas já tokenizaram a si mesmas.

Tokenização: você lançaria uma IPO da sua própria vida?

Benefícios da tokenização

Transparência, divisão, flexibilidade e redução de custos são recursos provenientes da tecnologia blockchain (Imagem: Freepik/upklyak)

Já que smart contracts permitem que uma série de regras sejam programadas e executadas automaticamente no blockchain, o uso da tecnologia traz uma série de benefícios.

Redução de custos operacionais: regras societárias (como cláusulas de “tag along”), de compliance, de gerenciamento de responsabilidades e fluxo de dinheiro, bem como muitas outras envolvidas em uma transação corporativa, podem ser executadas sem a necessidade de envolver terceiros;

Flexibilidade: a facilidade em programar novas regras permite que tokens sejam emitidos com qualquer combinação de direitos e responsabilidades exigidos em uma operação, com um aumento de custo apenas marginal;

Fracionalização: com custos operacionais mais baixos, possibilidade de divisão e quantas casas decimais o usuário desejar, os tokens diminuem os “tickets” mínimos e necessários para obter acesso a vários ativos;

– Transparência: todos os dados estão imediatamente disponíveis para todos os interessados em uma transação, com a garantia de imutabilidade e rastreabilidade do blockchain.

Tokenização de participação em empresas

Um dos campos em que a tokenização faz mais sentido é o de participação em empresas.

Com o token, as regras de governança ficam muito mais naturais — acordos de acionistas ou quotistas são automaticamente executados, e o voto de cada sócio é mais facilmente computado.

Além disso, a organização do quadro societário — uma tarefa nem sempre simples para startups — se torna mais clara e mais barata.

Este é o propósito da Clearbook: permitir o acesso a oportunidades de investimento em startups e iniciativas criteriosamente selecionadas, com todo o controle e a transparência do blockchain.