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Marcação a mercado completa um mês, revelando queda de 30% das debêntures e impacto da Americanas (AMER3)

01 fev 2023, 15:30 - atualizado em 01 fev 2023, 15:30
Marcação a mercado
Marcação a mercado coloca na palma da mão do investidor o controle do seu patrimônio em renda fixa; entenda as mudanças (Imagem: Reuters/José Manuel Ribeiro)

A nova regra sobre a marcação a mercado em 2023 já completou um mês, com investidores entendendo que a renda fixa não é tão “fixa” assim até que o vencimento do título seja atingido.

Com mais transparência na praça, o investidor pôde notar a derrocada de quase 30% das debêntures neste início de ano.

Nos últimos 30 dias, o IDA-IPCA (índice de debêntures fora do setor de infraestrutura) da Anbima despencou 28,56%.

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A mediana dessas debêntures também amarga nos últimos 12 e 24 meses quedas de 23,49% e 18,40%, respectivamente.

Todos esses números negativos estão mais visíveis na palma da mão dos investidores, já que todos os bancos e corretoras de valores são obrigados a apresentar a leitura das aplicações em renda fixa na forma de marcação a mercado.

O regramento engloba tanto títulos públicos no Tesouro Direto, quanto títulos de crédito privado (CRAs, CRIs e debêntures). A exceção fica para os títulos bancários (CDB, LCA e LCI), que seguem marcados na curva, uma forma mais simples de compreender, mas que acaba mascarando o patrimônio do investidor.

Marcação a mercado na prática

Pelo menos dois fatores neste início de ano são determinantes para que o investidor possa compreender a desvalorização dos preços de muitos títulos de renda fixa na marcação a mercado, que mostra ao investidor o quanto ele receberia caso vendesse antecipadamente suas aplicações no momento.

Vale frisar que, quem carrega seus títulos de renda fixa até o vencimento garante as taxas de rentabilidade no momento da compra, mas até lá também acompanha a variação do seu patrimônio.

A primeira razão para a queda de muitas debêntures em 2023 — especialmente títulos de dívidas indexados ao IPCA — diz respeito ao patamar recorde do juro real longo, que atinge o seu maior nível desde 2016.

Esse juro já desconta o impacto da inflação e, no momento, ronda taxas de IPCA + 6,5% ao ano no Tesouro Direto em prazos mais longos.

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Quando o juro real se encontra elevado como agora significa que o mercado coloca nos preços a insegurança sobre a sustentabilidade da dívida pública. Em tese, o risco de um país dar calote é bastante inferior ao de bancos e empresas.

E justamente o risco de empresas não honrarem com o dinheiro emprestado por investidores que detêm debêntures é o que compõe o segundo fator de risco nesse início de ano, escancarado pelo caso Americanas (AMER3).

Caso Americanas

Assim como os sócios da empresa, que detêm ações, veem suas posições derreterem quem emprestou dinheiro para a varejista. Ao possuir debêntures da Americanas, também enfrenta perdas diante do risco de calote.

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A empresa já anunciou ao mercado que não realizou o pagamento da remuneração prevista a debenturistas da 17ª emissão da companhia e que o calote no título é respaldado por decisão judicial.

No caso dessas debêntures, a dívida da Americanas corresponde a R$ 2 bilhões com recursos para reforço do caixa e para fazer frente às dívidas com vencimento em 2022 e 2023. No total, a empresa tem R$ 42 bilhões em dívidas entre bancos, credores e investidores.

Operadores e gestores afirmam que o mercado secundário de títulos já reflete condições piores da dívida da Americanas (debêntures). Segundo eles, houve um salto nas taxas cobradas, derrubando o valor de face do papel pela metade.

A marcação a mercado deixou mais claro ao investidor que, enquanto não chega a data de vencimento de um título de renda fixa, o ativo pode oscilar de preço tanto quanto na renda variável, gerando ocasiões de lucro ou prejuízo ao investidor caso precise ou queira vender antecipadamente sua aplicação.

Quando as taxas sobem, como foi o caso do juro real em 2023, os preços dos ativos de renda fixa caem na marcação a mercado, e vice-versa.

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