Meio Ambiente

Maranhão cria força para proteger terras indígenas de madeireiros

04 nov 2019, 19:22 - atualizado em 04 nov 2019, 19:22
Índios
Os madeireiros ilegais emboscaram um grupo indígena formado para proteger a floresta, mataram a tiros um de seus líderes e feriram outro na sexta-feira, informou a tribo (Imagem: ASCOM FUNAI/Lucas Halle)

O Estado do Maranhão criou uma força-tarefa policial nesta segunda-feira para proteger a tribo Guajajara de madeireiros ilegais, que mataram um de seus líderes em um confronto por desmatamento em sua reserva na Amazônia.

Os madeireiros ilegais emboscaram um grupo indígena formado para proteger a floresta, mataram a tiros um de seus líderes e feriram outro na sexta-feira, informou a tribo. Um madeireiro também morreu no tiroteio.

Paulo Paulino Guajajara, ou Lobo, estava caçando dentro da reserva de Arariboia quando madeireiros abriram fogo e atiraram no pescoço dele. Outro Guajajara, Laércio, foi ferido no braço e nas costas, mas conseguiu escapar.

A aplicação da lei em reservas indígenas é uma responsabilidade federal, mas os “guardiões da floresta” de Guajajara assumiram a tarefa na ausência de proteção federal e diante do aumento de invasões por madeireiros armados desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em janeiro.

O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), decretou a criação de uma força-tarefa de policiais para proteger os Guajajaras e treiná-los em práticas de segurança para defender e patrulhar sua reserva, embora não instruções sobre armas de fogo.

Sérgio Moro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, lamentou o assassinato e prometeu uma investigação completa. A Polícia Federal foi enviada para determinar as circunstâncias das mortes (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Dino disse que, dada a ausência de agências federais que protegem os indígenas em seu Estado, a força-tarefa irá cooperar com eles em emergências e no combate à extração ilegal de madeira em áreas da reserva.

“Levamos a sério a defesa dos direitos indígenas e queremos ajudar. Não compactuamos com etnocídio.”, afirmou Dino no Twitter.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, lamentou o assassinato e prometeu uma investigação completa. A Polícia Federal foi enviada para determinar as circunstâncias das mortes.

“O Estado do Maranhão entendeu a urgência da situação diante do fracasso do governo federal, quase conivente com os agressores, ao incentivar a invasão de reservas”, disse a líder indígena Sonia Guajajara.

Chefe da organização pan-indígena Apib, que representa muitos dos 900.000 índios brasileiros, Sonia Guajajara falou com a Reuters da Europa, onde ela se reúne com autoridades para explicar ameaças crescentes às tribos brasileiras e às florestas em que habitam.

Os Guajajaras, um dos maiores grupos indígenas do país, com cerca de 20.000 pessoas, criaram os Guardiões da Floresta em 2012 para patrulhar uma vasta reserva. A área é tão grande que uma tribo pequena e ameaçada de extinção, os Awá Guajá, vive nas profundezas da floresta sem nenhum contato com o mundo exterior.

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