Máquinas agrícolas: Abimaq se contenta com Plano Safra, mas vê desafios com juros, custos e conectividade
Há 1 mês, o Governo Federal anunciou o lançamento do Plano Safra 2023/2024, política focada em incentivos à produção do setor do agronegócio que permite que o produtor realize o custeio do novo ciclo.
E o setor de máquinas agrícolas tem uma importância significativa para que os produtores possam atingir bons índices de produtividade, principalmente nas culturas de soja e milho, que respondem pela maior parte da demanda dos equipamentos.
Dessa forma, o Agro Times conversou com Pedro Estevão, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) sobre os desafios do setor em 2023.
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Plano Safra
De acordo com Estevão, da Abimaq, o volume divulgado no novo plano agrícola ficou bem acima do disponibilizado no ciclo 2022/2023, ainda que abaixo dos R$ 34 bilhões solicitados pela Abimaq.
“No ciclo passado, tivemos em torno de R$ 11 bilhões, e em 2023, se você somar os recursos do Pronaf, Pronamp e Moderfrota o volume total é de R$ 17,8 bilhões, bem acima do ano passado, ainda que abaixo do que pleiteamos. Em 12 meses, temos um faturamento de R$ 84 bilhões, assim, faltam recursos. Vemos o Governo bem sensível na hora de adicionar novos recursos, ainda que sinalizem novos aportes caso haja uma escassez, com isso, enxergamos de bom tamanho o que foi anunciado”, explica.
Para o vice-presidente da entidade, a nota negativa do novo Plano Safra fica por conta das taxas de juros.
“Apesar do Modefrota estar em 12,5% e o Moderfrota e o Pronamp em 10,5%, taxas bem abaixo do mercado, os patamares ainda são altos, claro que isso não depende do Governo e sim do Banco Central. Por outro lado, sabemos que se você abaixa muito os juros, significa que a subvenção fica maior e consequentemente o Plano Safra tem menos recursos, então sempre defendemos um volume maior, ainda que os juros fiquem maiores”, diz.
Desafios do ciclo 2023/2024
Juros
O vice-presidente da Abimaq ressalta que, entre 2020 e 2022, o setor de máquinas agrícolas contou com bons resultados em meio a pandemia de covid-19.
Assim, o setor de máquinas cresceu 17% em 2020, 42% em 2021 e 2% em 2022, um crescimento muito grande nos últimos 3 anos, segundo a Abimaq
“Por outro lado, houve um recuo de 20% no primeiro semestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado e um dos problemas é o juros. No ciclo passado, os volumes do Plano Safra se esgotaram em 2 meses e o produtor rural foi obrigado a recorrer ao mercado, com juros de 16% ao ano, o que dificulta os investimentos,” pontua.
Ainda assim, o vice-presidente prevê um alívio para os produtores no atual ciclo, em função da queda dos custos de produção.
Conectividade
O vice-presidente da Abimaq destaca os desafios com a conexão de internet nas lavouras brasileiras, já que muitas das máquinas agrícolas precisam estar conectadas à rede para operarem na sua máxima capacidade.
“As novas máquinas exigem conectividade, já que elas entregam uma maior produtividade a partir da conexão, com respostas mais rápidas e assertivas, com uma leitura ambiental”, diz.
Educação
Por fim, Estevão destaca a necessidade de educar os produtores sobre o uso correto das máquinas agrícolas.
“O uso correto não parte apenas do operador, mas também do proprietário. É preciso saber qual máquina comprar e porquê comprar, para tirar os melhores resultados na operação agrícola. Segundo estudo do Ministério da Agricultura e da Embrapa, se tivéssemos 85% da área rural do Brasil com cobertura 4G, isso resultaria em um incremento de produtividade de 4%, que representa uma fortuna”, conclui.