Mansueto sai em momento inoportuno e é grande perda para governo Bolsonaro, diz Goldman Sachs

Dos males o menor. A saída do atual secretário do Tesouro Nacional, Masueto Almeida, é ruim para o governo de Jair Bolsonaro, mas ao menos não foi conduzida com as já tradicionais “fritadas” em público ou divergências de opinião sobre o rumo da política econômica.
A sua partida já vinha sendo sinalizada desde o fim do ano passado e acontecerá em agosto, em uma decisão tomada de comum acordo com o Ministério da Economia.
“Sim, estou saindo mas não é agora, de imediato, apenas em agosto” , disse o secretário à Reuters na noite de domingo, explicando que não sabe quem assumirá o cargo, mas que terá tempo para “fazer uma transição com calma”.
“Em nossa avaliação, a saída do secretário Almeida é uma grande perda para o governo Bolsonaro e a equipe econômica. O momento de sua partida também é inoportuno, dada a deterioração fiscal e a necessidade de se pressionar por reformas e outras medidas para ancorar a dinâmica fiscal e dívida”, disse o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

Segundo ele, do lado positivo, sua saída provavelmente não é um sinal de opiniões divergentes sobre políticas dentro da equipe econômica e, como tal, provavelmente não levará a uma grande mudança na orientação macroeconômica.
“O ministro Guedes continuará sendo a principal voz da política econômica dentro do governo Bolsonaro e deverá continuar a perseguir uma agenda liberal e reformista, mas perderá um consultor chave e altamente conhecedor”, ressalta.
Mansueto estimou recentemente que uma eventual extensão do auxílio emergencial até dezembro, sob os valores atuais, faria com que a dívida bruta ultrapassasse 100% do PIB já neste ano, sobre 75,8% em 2019.
O patamar é considerado alto para um país emergente – e não deve retroceder tão cedo em função dos déficits primários esperados para os anos à frente.