Mancha inicial de óleo vazado no Nordeste tinha 200 km de extensão, diz empresa que cooperou com PF
Relatório divulgado nesta sexta-feira pela empresa de tecnologia geoespecial HEX, que ajudou a Polícia Federal no inquérito que busca identificar a origem do óleo vazado que alcançou a costa brasileira, informa que a mancha inicial possuía uma extensão de 200 quilômetros na superfície, informou a companhia nesta sexta-feira.
De acordo com Leonardo Barros, diretor executivo da HEX, a empresa processou a reconstituição das manchas localizadas, deparando-se, por fim, com a origem do óleo vazado, há cerca de 700 quilômetros da costa brasileira.
“Sabíamos que era uma mancha que estava originada ali (por imagem de acervo). Duzentos km de extensão”, disse Barros, acrescentando que a análise de imagens de satélite da agência espacial europeia e da Nasa permitiram estimar que o vazamento teve início entre os dias 28 de julho e 1º de agosto.
Barros, no entanto, ponderou não ser possível pontuar se o vazamento foi acidental ou criminoso.
“Em hipótese alguma, por meio das imagens de satélite que realizamos, é possível identificar se foi um acidente ou se foi algo proposital. Não existe possibilidade de fazer essa afirmação”, pontuou em entrevista coletiva a jornalistas em Brasília.
Segundo Barros, a identificação do navio suspeito de ter vazado o petróleo que atingiu centenas de localidades no litoral da Região Nordeste aconteceu entre os dias 23 e 24 de outubro.
De acordo com procuradores do Ministério Público Federal (MPF), a suspeita é que o navio de bandeira grega Bouboulina, da empresa Delta Tankers, tenha sido o responsável pelo vazamento de petróleo venezuelano que chegou às praias nordestinas.
A Delta Tankers confirmou que a embarcação deixou a Venezuela em 19 de julho rumo a Melaka, na Malásia, mas disse que a embarcação descarregou toda sua carga no destino final.
Para averiguar a origem da mancha e, posteriormente, localizar a embarcação suspeita, a HEX realizou o cruzamento de dados das imagens rastreadas com dados de embarcações (AIS).
“A partir do momento em que estabelecemos o polígono da mancha nós pegamos os dados AIS e verificamos se havia alguma rota, embarcação que intersectava o polígono daquela mancha naquele intervalo de tempo”, disse Barros, acrescentando que parte da mancha localizava-se submersa.
De acordo com dados do Ibama, 296 localidades de 101 municípios dos 9 Estados do Nordeste registraram manchas de óleo desde que elas começaram a aparecer no litoral nordestino no início de setembro.