Opinião

Maísa Oliveira: fundo de renda fixa ou imobiliário? Veja qual é o melhor para sua carteira

06 jul 2021, 21:31 - atualizado em 06 jul 2021, 21:31
Maísa Oliveira
Maísa Oliveira é sócia e RI da Devant Asset (Imagem: Devant Asset/Divulgação)

As diferentes classes de fundos possuem objetivos, comportamentos e riscos característicos. A diversificação dos investimentos serve justamente para tratar as questões relativas à volatilidade da carteira e ajustar o retorno ao risco. 

Neste artigo não pretendo listar os melhores investimentos para o cenário macroeconômico atual, mas comentar quais pontos devem ser considerados para aplicar com mais assertividade nos ativos de crédito privado, estejam eles em um fundo de renda fixa ou imobiliário. 

Mesmo em países desenvolvidos, o mercado é cíclico e estimulado ou desestimulado por vários fatores. No Brasil essa característica é mais intensa, lidamos e aprendemos com a volatilidade mais do que em muitos outros lugares do mundo e, por isso, entramos em um looping infinito de revisão da carteira.

Há investimentos que se adequam mais, ou menos a determinados cenários macroeconômicos. De maneira geral, há ativos que se complementam quando a taxa de juros está em patamares altos ou baixos, ou o país vive processos inflacionários ou deflacionários – e eles podem ser combinados para compor uma carteira equilibrada. 

Logo, a resposta para a pergunta que mais tenho ouvido dos investidores, sobre onde investir com a alta da Selic e da inflação, é…. depende! 

O que deve prevalecer nessa análise é o retorno ajustado ao risco. Se olhar somente para uma das pontas dessa equação, o investidor não consegue obter equilíbrio. Ele pode alcançar muita rentabilidade, mas ficar exposto a riscos altíssimos e desnecessários, ou do contrário não lucrar nada por medo de riscos que não foram adequadamente mensurados. 

Com exceção da reserva para emergências, que sempre deve estar aplicada em ativos líquidos e pouco arriscados, para manter o poder de compra é preciso buscar investimentos cujo retorno seja igual ou superior à inflação.

Com a inflação operando acima do centro de meta, a taxa Selic deve ser elevada para desempenhar seu papel de ajudar a contê-la, fora outras alternativas monetárias e fiscais que podem ser usadas para desestimular a economia.

Nesse contexto, quando falamos em rentabilidade, os ativos de crédito privado tendem a ser mais atrativos do que os demais produtos de renda fixa devido ao prêmio de risco.

Maísa Oliveira
“Nesse contexto, quando falamos em rentabilidade, os ativos de crédito privado tendem a ser mais atrativos”, disse a colunista (Imagem: Devant Asset/Divulgação)

Abaixo, listei os pontos mais importantes que devem ser considerados ao escolher um fundo de renda fixa ou um fundo imobiliário.

Nesse ponto do artigo, havia preparado uma simulação de rentabilidade entre ambos os ativos, porém, dado ao Projeto de Lei apresentado no dia 25/06, que trata justamente das mudanças na cobrança do IR, achei mais coerente excluir e aguardar um cenário mais certo para essa comparação.

Fundos de Renda Fixa Crédito Privado

  • Aplicação inicial baixa;
  • Previsibilidade da renda fixa (é possível saber quanto ele paga e em quanto tempo);
  • Maior liquidez;
  • Menor risco de mercado (em algumas estratégias que operam com hedge – é o caso da Devant);
  • Baixa volatilidade (quando comparado aos fundos listados em bolsa);
  • Risco baixo/ médio (no geral, mas é preciso observar a qualidade da carteira);
  • Resgate programado (prazo definido no regulamento de cada fundo); e
  • Diferentes perfis de dívidas (CRI, LF, Debêntures, Título Público).

Fundo Imobiliário de CRI:

  • Aplicação inicial baixa;
  • Além dos dividendos, possibilidade de ganho de capital;
  • Rendimentos mensais (na maioria dos casos);
  • Isenção de imposto de renda (a proposta para retirar essa isenção ainda não está aprovada);
  • Tende a render mais do que a renda fixa;
  • Fácil acesso ao mercado imobiliário;
  • Liquidez (D+2);
  • Diversificação; e
  • Mais transparência (geralmente os relatórios gerenciais dos FIIs possuem mais informações do que os de renda fixa).

E se os dividendos passarem a ser tributados? Esse é o assunto da vez e está deixando o mercado de FIIs de cabelo em pé. Se isso acontecer, é provável que haja no curto prazo uma desvalorização nos preços das cotas no mercado secundário, em ajuste devido à mudança na expectativa dos ganhos. 

Por outro lado, é importante reforçar que a qualidade dos ativos investidos pelos FIIs não será impactada. Ainda que a remuneração aos cotistas diminua devido ao imposto a ser recolhido, esses fundos permanecerão como ótimas possibilidades de investimento. Em um cenário em que o projeto de lei da reforma tributária seja aprovado com o texto atual, o mercado buscará um novo equilíbrio e se ajustará aos novos preços com o tempo. 

Também é bem possível que haja um aumento da taxa média ponderada dos ativos. A tendência é que a indústria transfira esse tributo ao custo do spread de crédito, tornando a dívida um pouco mais cara e compensando a tributação. Mas, por enquanto, essas são somente possibilidades que serão analisadas se de fato a indústria caminhar para esse lado.

Explicadas as vantagens de cada tipo de investimento, o mais importante é deixar claro que um não exclui o outro. A rentabilidade é, sem dúvidas, o objetivo principal de uma aplicação financeira, mas deve ser apenas um dos pontos a serem avaliados. Todas as outras características destacadas devem entrar na conta para compor uma carteira de investimentos que corresponda às expectativas do investidor. 

Faz sentido ter todos os recursos aplicados somente em uma das opções? Dificilmente. Por isso, a melhor dica é: seja ponderado nas suas escolhas!

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