Moody’s eleva rating e Brasil se aproxima do grau de investimento; mercado reage
A Moody’s elevou o rating do Brasil de Ba2 para Ba1 e a classificação de títulos seniores sem garantia de (P) Ba2 para (P)Ba1. A perspectiva é positiva.
Trata-se de apenas um nível abaixo do grau de investimento.
A reação no mercado foi imediata, com dólar futuro para novembro virando e caindo para 0,20%, a R$ 5,4595, e o Ibovespa futuro subindo para 0,46%, a 133.285 pontos.
As taxas DIs foram para às mínimas.
E não para menos. A notícia aproxima a economia brasileira de um ‘carimbo’ que pode trazer caminhão de investimentos externos, já que muitos investidores e empresas só investem em países com grau de investimento.
O que é grau de investimento?
A classificação indica o nível de risco associado ao investimento em títulos de dívida, como obrigações ou empréstimos.
O objetivo é fornecer aos investidores uma noção da capacidade da entidade em honrar seus compromissos financeiros, como o pagamento de juros e a devolução do capital.
A última vez que a agência de risco havia alterado foi em maio, quando a perspectiva da nota de crédito do Brasil subiu de estável para positiva.
À época, a Moody’s apontou um crescimento robusto, que combinado a um progresso gradual em direção à consolidação fiscal, poderia permitir a estabilização da dívida.
Agora, falta ao Brasil ganhar a chancela da S&P e Fitchs.
O Brasil conquistou o grau de investimento pela primeira vez em abril de 2008, atribuído pela agência Standard & Poor’s (S&P), no segundo mandato do presidente Lula.
Porém, perdeu em 2015, durante o governo Dilma, quando uma crise política, fiscal e econômica, abalou o país, com aumento da dívida pública e déficit orçamentário, além de um cenário de recessão econômica severa.
Desde então, vem lutando para recuperá-lo.
O que a Moodys viu no Brasil?
De acordo com a agência classificadora de risco, a atualização reflete melhorias materiais de crédito que espera que continuem, incluindo um desempenho de crescimento mais robusto do que o avaliado anteriormente e um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais que emprestam resiliência ao perfil de crédito.
Apesar disso, a agência nota que a credibilidade da estrutura fiscal do Brasil ainda é moderada, conforme refletido em um custo relativamente alto da dívida.
“Por sua vez, um crescimento mais robusto e uma política fiscal consistentemente aderente à estrutura fiscal permitirão que o ônus da dívida se estabilize no médio prazo, embora em níveis relativamente altos”, diz.
Além disso, a perspectiva positiva reflete a possibilidade de que o crescimento estável e a conformidade com a estrutura fiscal ajudarão a aumentar a credibilidade institucional e reduzir os custos de empréstimos mais acentuadamente do que assumimos atualmente.
“Um menor custo da dívida teria um impacto positivo na trajetória da dívida do governo brasileiro, especialmente se combinado com um crescimento mais robusto do que esperamos atualmente, permitindo uma redução no ônus da dívida no médio prazo”.
Segundo a Moody’s, na ausência de choques, a aderência ao arcabouço permitirá que a dívida se estabilize em torno de 82% do Produto Interno Bruto (PIB) no médio prazo.
“A despeito de uma carga de dívida relativamente alta, a solidez fiscal do Brasil se beneficia de um grande mercado interno que permite ao governo emitir principalmente em moeda nacional e de ativos líquidos consideráveis no valor de cerca de 15% do PIB”, afirmou a agência.
A avaliação da Moody´s é que o crescimento da economia do país nos próximos anos permanecerá amplo, com a demanda interna impulsionada por um mercado de trabalho relativamente forte.
Elevação em nota de crédito do Brasil reflete avanços
O Tesouro Nacional afirmou que a elevação da nota de crédito reflete o reconhecimento dos avanços nas contas públicas e de um cenário propício ao crescimento, além da solidez dos fundamentos da economia do país.
Em nota após o anúncio, o Tesouro disse que a agência disse esperar uma melhora gradual nos resultados primários do país.
“O Ministério da Fazenda reafirma seu compromisso com a melhoria contínua dos resultados fiscais, empreendendo esforços para aumentar a arrecadação e conter gastos”, disse o Tesouro.
“Além de estabilizar a relação dívida/PIB, um balanço fiscal mais robusto contribuirá para a redução das taxas de juros e a melhoria das condições de crédito, criando um ambiente favorável à expansão dos investimentos públicos e privados.”
Com Reuters