Mais perto dos 3 mil pontos, quem segura os fundos imobiliários?
O índice de fundos imobiliários (Ifix) da B3 atingiu nesta quarta-feira (17) um patamar que não era visto desde maio de 2020, na efervescência da pandemia de covid-19. O Ifix engatou o 15º pregão seguido de valorização e está cada vez mais perto dos 3 mil pontos, nível que não alcança desde outubro do ano passado.
Com isso, o índice de FIIs subiu 0,39% (após ajustes), aos 2.990 pontos. O volume de negócios segue alto na comparação com o registrado na semana passada, alcançando mais de R$ 237 milhões.
“A gente tem visto um fluxo muito favorável para os fundos imobiliários, com volume de negócios acima da média”, comenta o analista de real estate da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo.
Segundo o analista, a onda de otimismo que prevalece no Ifix desde 26 de abril está atrelada à perspectiva de redução de risco fiscal no Brasil, em função do processo de aprovação do novo arcabouço fiscal.
“A curva de juros arrefeceu bem nas últimas semanas e os FIIs, inversamente correlacionados, se valorizam nesse cenário”, comenta. Além disso, esse movimento da curva de juros futuros acompanha a expectativa de queda da taxa Selic, no segundo semestre. Hoje, a taxa está em 13,75% ao ano.
Em três semanas empilhando vitórias, o índice subiu 173 pontos e tem valorização de 6,2%. No acumulado de 2023, a alta do Ifix chega a 4,3%.
Fundos imobiliários de destaque
Entre os fundos imobiliários listados no índice, a maior alta ficou com o Santander Renda de Aluguéis (SARE11), com ganhos de 4,71%. Em contrapartida, mais uma vez, os fundos de papel se destacaram na sessão.
Porém, pelo lado negativo. O Devant Recebíveis (DEVA11) despencou 7,21%, colocando fim em uma sequência de nove pregões seguidos de ganhos.
Araujo, da Empiricus, ressalta que a valorização recente do índice de fundos imobiliários tem influência do segmento “high yield”, com os fundos DEVA11, Versalhes Recebíveis (VSLH11) e Hectare CE (HCTR11) destacando-se nas últimas sessões. Após liderarem as quedas no mês passado, em meio aos calotes envolvendo CRIs, esses FIIs têm as maiores altas de maio, entre 23,8% e 32,8%.
O Ifix vai subir até quando?
No entanto, com a sequência de 15 altas seguidas sendo a maior em três anos, quando o Ifix chegou a 17 pregões de ganhos, o analista da Empiricus avalia que o mercado deverá continuar antecipando a queda da taxa de juros.
“Mas tem o movimento global e a gente conhece o Brasil. Imprevistos acontecem”, pondera Araujo. “Contudo, como esperamos, a queda da Selic deve ocorrer em ritmo bem gradual. Com isso, não vejo um contexto tão claro de alta substancial do índice no curtíssimo prazo”, acrescenta.