Mais jovens moram em coberturas compradas por pais em Cingapura
São raros os estudantes universitários de 24 anos que moram em uma cobertura de S$ 1,2 milhão (US$ 875 mil), equipada com uma cadeira Aeron Herman Miller e máquina de café expresso Lelit. Especialmente em Cingapura, um dos mercados imobiliários mais caros do mundo.
Shawn, cujo loft na arborizada região central Bukit Timah, em Cingapura, foi pago inteiramente por sua mãe, é um desses poucos sortudos. Mas esse clube está crescendo, quando muitas famílias tentam se esquivar das medidas para esfriar o mercado, como impostos elevados sobre o segundo e o terceiro imóvel, comprando propriedades para seus filhos.
Os dados são escassos, mas corretores imobiliários dizem ter visto um notável aumento no número de apartamentos comprados por famílias ricas para os filhos, desde que as medidas para esfriar o mercado imobiliário entraram em vigor, em julho de 2018. O imposto adicional para quem compra um imóvel, chamado de ABSD, agora aplica uma porcentagem de 12% para o segundo imóvel e de 15% para o terceiro e demais propriedades.
“Curiosamente, observamos mais compradores jovens entrando no mercado”, disse Christine Sun, chefe de pesquisa e consultoria da OrangeTee & Tie. Segundo ela, embora pessoas que compram a primeira casa própria, e não pagam o ABSD, ainda sejam maioria, muitos cingapurianos acumulam propriedades como forma de investimento.
Vendas de luxo
Os preços também ajudam. Dados divulgados na semana passada pela Urban Redevelopment Authority mostraram que os preços de imóveis residenciais privados subiram primeira vez desde a introdução das restrições no mercado imobiliário. Os preços dos imóveis residenciais aumentaram 1,5% nos três meses até 30 de junho, impulsionados pelas vendas de apartamentos de luxo.
Muitas vezes, os pais assumem a liderança na hora de procurar um imóvel.
“O alto ABSD levou os pais a agirem indiretamente, usando os nomes dos filhos para comprar outra propriedade residencial privada”, disse Alan Cheong, diretor executivo de pesquisa e consultoria da Savills (Cingapura). Ou os pais estão “genuinamente preocupados que seus filhos não tenham meios para adquirir propriedades residenciais por conta própria, ou estão usando a primeira razão como desculpa para comprar imóveis para si mesmos”.