Mais empresas pagam por pesquisas de analistas
No mundo cada vez menor da pesquisa de corretagem, um nicho tem se firmado: o de empresas que pagam diretamente por comentários de analistas.
Ignorando preocupações de conflito de interesses, mesmo instituições globais como Exane BNP Paribas expandem um serviço que cobra para que empresas sejam analisadas. Isso muda o modelo tradicional, em que os clientes de trading subscrevem o serviço.
Com a demanda crescente, os fornecedores do que é conhecido como “pesquisa patrocinada” refutam críticos segundo os quais o serviço é semelhante a vender publicidade. Na opinião deles, empresas que financiam analistas não são piores do que a prática ao longo de décadas de pesquisa sobre ações e é rotina para agências de classificação de crédito.
“Um leitor da pesquisa saberá que esta é uma obrigação contratual entre a empresa e o provedor da pesquisa, que há uma taxa fixa e é completamente transparente”, diz Neil Shah, diretor de pesquisa da Edison Group, com sede em Londres, que tem 50 analistas que produzem cerca de 40 relatórios por semana.
O mercado foi impulsionado por empresas menores, que geralmente são ignoradas por analistas sell-side e ainda enfrentam necessidade urgente de alcançar investidores. É resultado das regras da União Europeia de 2018 que separam os custos de pesquisa das comissões de negociação. Essa “separação” removeu um incentivo para analistas produzirem pesquisas sobre ações de empresas de menor porte.
Reconhecendo o impacto, a UE começa a planejar reverter os regulamentos exigidos pela Diretiva de Mercados e Instrumentos Financeiros II para empresas com valor de mercado inferior a 1 bilhão de euros (US$ 1,2 bilhão).
“É muito pouco e muito tarde”, disse Andrea Vismara, diretor-presidente do Equita Group, da Itália, que oferece pesquisas tradicionais e patrocinadas. “Duvido muito que a remoção da separação para empresas menores tenha algum impacto significativo.”
É por isso que empresas como a Edison Group, que tem 400 clientes pagando por suas próprias pesquisas, esperam que os bons tempos continuem. Embora este ano deva ficar estável, o negócio tem crescido cerca de 10% ao ano, de acordo com Shah.