Eleições 2022

Mais de R$ 170 bilhões: O que Bolsonaro está prometendo para vencer as eleições

13 out 2022, 17:20 - atualizado em 13 out 2022, 17:20
Agronegócio
Logo após o primeiro turno, o governo adiantou o pagamento do Auxílio Brasil de agosto (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Desde o primeiro turno das eleições, que aconteceu no dia 2 de outubro, o governo e o presidente Jair Bolsonaro (PL) já anunciaram diversos benefícios sociais, visando conquistar os votos dos brasileiros de baixa renda.

Entre criação de novos projetos, reformulação, adiantamentos e promessas para 2023, o governo deve mobilizar, pelo menos, R$ 178 bilhões dos cofres públicos.

Nos últimos dias, por exemplo, o governo anunciou a inclusão de 500 mil novas famílias no Auxílio Brasil e adiantou o pagamento do benefício de outubro.

Só esse adiantamento garantiu R$ 13,5 bilhões na economia, sendo R$ 12 bilhões do benefício e R$ 1,5 bilhão do auxílio para caminhoneiros. Já a inclusão de mais beneficiários custa R$ 1 bilhão.

No entanto, Carla Beni, economista e professora de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que nem todo esse dinheiro deve ser gasto de fato, assim como nem todos os benefícios são reais.

“O que a gente observa é uma necessidade de criar uma agenda positiva, mesmo que aquilo não se realize efetivamente. O que está sendo anunciado é um misto de requentar programas existentes, antecipar o calendário e criar algumas coisas novas.”

Por exemplo, o programa de renegociação de dívidas da Caixa Econômica Federal para empresas e pessoas físicas, anunciado na semana passada, foi reformulado e existe um potencial de R$ 1 bilhão.

Na verdade, a Caixa está sendo a principal ferramenta de campanha para o segundo turno. Afinal, o banco é responsável pelo pagamento de benefícios do governo. Além do programa de renegociação, a estatal reduziu os juros para as micro e pequenas empresas e criou um crédito consignado para quem recebe Auxílio Brasil.

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Na conta de 2023

Faz parte da campanha do atual presidente promessas de benefícios que serão mantidos em um eventual segundo mandato. O principal deles é o Auxílio Brasil turbinado de R$ 600 – o valor do benefício volta para R$ 400 a partir de janeiro de 2023.

Só a manutenção do atual valor deve custar em torno de R$ 52 bilhões, quantia que não consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado ao Congresso no mês de agosto. Vale lembrar que a promessa de manter o Auxílio Brasil em R$ 600 também faz parte da campanha de Lula (PT).

No dia 4 de outubro, Bolsonaro também prometeu o pagamento de 13º salário a mulheres beneficiárias do Auxílio Brasil no fim de 2023. Se for cumprida, essa parcela extra vai custar mais R$ 10 bilhões – valor também não tem espaço no orçamento.

Além disso, também estão sendo avaliados a prorrogação da desoneração dos tributos sobre combustíveis – que ajudou a reduzir a inflação e faz parte da campanha de Bolsonaro –, reajustes salariais aos servidores públicos e correção da tabela do Imposto de Renda.

Na primeira proposta, a continuidade da redução do PIS/Cofins e Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para combustíveis resulta em uma queda de R$ 52,9 bilhões nas arrecadações: R$ 34,3 bilhões para gasolina, gás natural e etanol; e R$ 18,6 bilhões para diesel e gás de cozinha.

Também estão previstos incentivos fiscais para setores específicos da economia, que farão o governo deixar de arrecadar R$ 17,2 bilhões no próximo ano. No entanto, esses valores estão no Orçamento de 2023 e o governo reservou um total de R$ 80,2 bilhões para “adicionais de incentivos tributários e outras desonerações”.

Outros R$ 14,2 bilhões estão reservados para reajuste dos servidores, enquanto a revisão do IR pode levar a uma perda de, pelo menos, R$ 17 bilhões de arrecadação.

Pressão fiscal

Carla, da FGV, destaca que a parte fiscal é o maior desafio de quem vai herdar o governo em 2023. “O Brasil precisa definir que tipo de âncora fiscal vai ter e se vai seguir furando o teto de gastos”, afirma.

Vale lembrar que, nos últimos quatro anos, o governo de Bolsonaro furou o teto por três anos consecutivos. Só em 2020 e 2021, foram gastos R$ 659,7 bilhões acima do teto por causa da pandemia.

O ministro da economia, Paulo Guedes, afirmou que a pasta está desenhando uma nova forma de controle, que pode usar como âncora o Produto Interno Bruto (PIB).

Já o ex-presidente Lula afirma que pretende acabar com o teto de gastos. Entre as sugestões estão a retomada da meta de superávit primário e também o acréscimo de outro indicador, como do limite das despesas além da inflação.

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