Perspectivas 2023

Mais bônus e menos ações em 2023 (e vice-versa), diz BofA

19 dez 2022, 19:29 - atualizado em 19 dez 2022, 19:29
Mercados globais
Bank of America sugere maior exposição aos bônus no primeiro semestre de 2023 em detrimento às ações, invertendo a ordem na segunda metade do ano que vem (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

O Bank of America sugere exposição maior em bônus e menor em ações nos mercados globais em 2023, ao menos no primeiro semestre. Já na segunda metade do ano que vem, a ordem é inversa, favorecendo um aumento da alocação em ativos de risco e saída da segurança nos títulos.

Essa mesma lógica vale para os negócios locais. “A alocação nos mercados domésticos [em 2023] segue o mote global”, afirmou David Beker, chefe de Economia no Brasil e Estratégia para América Latina do Bank of America, em evento a jornalistas. O Money Times participou a convite.

Para o economista do BofA, a principal preocupação é com o crescimento econômico. Com o mundo em desaceleração – à exceção da China – os principais bancos centrais devem encerrar o ciclo de aperto monetário logo no início de 2023. 

Porém, isso não significa que será o fim da inflação elevada. Daí então que a principal dúvida é: qual será o banco central a cortar os juros primeiro? 

Com muita incerteza e pouca convicção, os investidores estarão atentos aos detalhes, em busca do melhor momento para comprar risco.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Menos bônus e mais ações

No caso do Brasil, Beker avalia que o BC fez a lição de casa. “A barra para subir mais os juros é alta”, avalia.

Com isso, a Selic deve permanecer estável em 13,75% por algum tempo. Ainda assim, o BofA vislumbra a chance de cortes na taxa básica em meados do ano que vem. 

Tal cenário favorece o aumento da exposição em ações brasileiras a partir do segundo semestre de 2023. Ao mesmo tempo, o prêmio de risco na curva de juros futuros ficaria menor. 

Mas aí vai depender da questão fiscal. “Está tudo muito dependente do novo arcabouço fiscal”, resume o economista do BofA.

Ele trabalha com a hipótese de uma “âncora fiscal mais crível”, capaz de criar um círculo virtuoso no Brasil. Tal forma contempla superávit primário, juros abaixo de dois dígitos e crescimento econômico acima de 2%. 

Porém, esse cenário será definido por decisões de política econômica. “É preciso definir quais são as regras do jogo a partir do ano que vem”, afirma Beker.