Mais americanos vivem apertados, mesmo com bons salários
A parcela de americanos que declararam que trabalham para pagar contas, sem conseguir juntar dinheiro, aumentou no ano passado.
E a maioria dos recém-chegados a essa categoria estava na faixa salarial mais alta.
Cerca de 64% dos consumidores dos EUA — equivalente a 166 milhões de pessoas — disseram que viviam com um orçamento apertado no final de 2022, de acordo com pesquisa da Pymnts.com e LendingClub Corp.
Foi um aumento de 3 pontos percentuais em relação ao ano anterior, ou 9,3 milhões de americanos.
E desse grupo, cerca de 8 milhões eram pessoas que ganhavam mais de US$ 100.000 por ano.
Mais da metade das pessoas na faixa salarial mais alta disse que gastava todo o seu soldo, um aumento de 9 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Os números refletem a crescente pressão sobre os orçamentos domésticos depois que o custo de vida aumentou, os salários muitas vezes não acompanharam e o dinheiro poupado durante a pandemia já se esgotou.
Este ano pode piorar. Menos da metade dos entrevistados disse esperar que sua renda acompanhe a inflação.
“As perspectivas para os gastos do consumidor são incertas”, disse Lydia Boussour, economista sênior da EY Parthenon.
“Preços elevados, erosão das economias pessoais e aumento da dependência do crédito apontam para consumo fraco”, disse ela.
“Essa dinâmica será exacerbada pelos efeitos negativos sobre o patrimônio decorrentes dos preços mais baixos das ações e do declínio dos valores das casas”.
Outros indicadores também apontam para algum nível de estresse financeiro.
A enquete mais recente Universidade de Michigan mostrou que a confiança do consumidor, embora tenha das mínimas deste ano, permanece muito abaixo dos níveis pré-pandemia.
Dados do PIB dos EUA divulgados na semana passada destacaram uma desaceleração nos gastos das famílias.
A renda disponível ajustada pela inflação permanece abaixo de níveis do início da pandemia em 2020, indicando que os consumidores não tiveram ganhos reais de renda em três anos.