Commodities

Maiores produtores da Opep não planejam aprofundar cortes no petróleo

06 nov 2019, 17:32 - atualizado em 06 nov 2019, 17:32
Organização supranacional reduz projeção para crescimento da demanda em 2019 e 2020 (Imagem: Reuters/Leonhard Foeger)

Os maiores produtores da aliança Opep+ não pretendem pressionar por cortes mais profundos na oferta de petróleo quando o grupo se reunir em dezembro, de acordo com delegados da coalizão.

É mais provável que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados mantenham suas atuais metas de produção e incentivem os membros a uma maior disciplina no cumprimento dos limites, disseram os delegados, que não quiseram ser identificados porque as conversas são confidenciais.

Os produtores, que representam cerca da metade da oferta global, se reúnem em Viena nos dias 5 e 6 de dezembro.

A Opep antecipa um excesso de oferta no primeiro semestre de 2020, e os preços já estão mais baixos do que a maioria dos membros precisa para equilibrar seus orçamentos. O grupo pode enfrentar mais pressão em 2020, com o boom da oferta de gás de xisto e crescimento lento da demanda global. Morgan Stanley, Commerzbank e Rystad Energy disseram que a Opep e aliados precisam fazer cortes mais profundos em resposta.

No mês passado, representantes da organização sinalizaram que estão preparados para fazer cortes maiores. O ministro de Energia da Arábia Saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman – que representa o maior e mais influente membro da Opep -, disse que era seu “trabalho” impedir qualquer superávit.

No entanto, o grupo ainda não começou a trabalhar nos diferentes cenários para delinear os cortes mais profundos para serem discutidos no início de dezembro, disseram os delegados.

Um obstáculo fundamental para qualquer novo acordo é que alguns países ainda não realizaram os cortes prometidos no início do ano, quando a Opep+ prometeu reduzir coletivamente a oferta em 1,2 milhão de barris por dia. Iraque e Nigéria têm aumentado a oferta em vez de realizar as reduções prometidas.

Outra dificuldade está em garantir o apoio do principal aliado da Opep, a Rússia, que enfrenta menor pressão do orçamento e, por isso, já não depende tanto da valorização dos preços do petróleo. O país tem se mostrado mais cauteloso quanto a uma intervenção mais forte.

O ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak, disse na quarta-feira que os preços do petróleo a US$ 60 o barril mostram que o mercado está estável e que os produtores continuarão monitorando a situação no início de 2020.

A Rússia também ultrapassou os limites de produção prometidos durante vários meses este ano.