Mercados

De onde vem o maior risco global? Você provavelmente está errado

23 abr 2019, 9:49 - atualizado em 23 abr 2019, 11:24
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Em sua palestra “Bear market or buying opportunity?”, Kaletsky fala sobre o cenário internacional

Anatole Kaletsky, co-fundador e economista-chefe da Gavekal e um dos mais respeitados especialistas sobre o cenário internacional, palestra nesta terça-feira (23), em São Paulo, no evento Itaú Macro Vision, alerta que o mercado pode estar buscando os riscos nos lugares errados. O Money Times, que esteve lá, traz para você os principais destaques do pensamento de Kaletsky.

Confira:

Kaletsky inicia sua apresentação com o título “Bear market or buying opportunity?” sobre o cenário internacional, destacando, no começo, o aniversário de 10 anos da crise financeira de 2018.

O economista-chefe da Gavekal aponta três debates importantes que existem atualmente:

1 – Seria 2018 o final da expansão de 2010-2017 e do bull market? Ou foi somente uma correção e uma oportunidade de comprar nas baixas?

2 – Teriam as perdas de 2018 sido geradas mais devido a política monetária dos EUA? Ou a políticas globais e choques de política?

3 – Teria a performance superior dos EUA refletido fundamentos sustentáveis? Ou somente devido a riscos políticos temporários na China e nos EUA?

10 pontos-chave sendo discutidos na Gavekal:

– Estagnação secular

– Aperto monetário pre-empitive

– curva invertida de juros

– Aumento da inflação e yields de títulos – curva de yield mais achatada

– Déficits orçamentários nos EUA

– Choques de petróleo: Irã x Arábia Saudita e Rússia

– Protecionismo: China-EUA, Nafta

– Convergência do populismo de esquerda em populismo de direita

– Riscos políticos a monopólios de tecnologia

– Bolhas nos valuations de tecnologia

– Bolhas nos valuations de ativos

Oportunidade de compra

O ponto principal, para a Gavekal, é que a maioria desses riscos foi eliminada, restando somente a convergência entre onda populista de esquerda e de direita, riscos políticos a monopólios no setor de tecnologia e a estagnação secular em voga.

Kaletsky ressalta a oportunidade de compra, ao invés do bear market, ressaltando a melhora nos indicadores econômicos prevista e a melhora na confiança do investidor ao redor do mundo.

“A situação em análise se assemelha ao final de 2017”, afirma, ressaltando que a a alocação de recursos deve ser semelhante, porém a análise de mercado, diferente.

Os principais riscos, para o biênio 2019-2020, são os seguintes:

– Recessão nos EUA

– Crise financeira ou econômica na China

– Mudança na postura dovish U-turn do Fed para hawkish S-turn

– Recessão na Europa

(Imagem: Pixabay)
“As economias ficaram dependentes ao crescimento atrelado às exportações”, afirma o economista-chefe, ressaltando a falta de consumo interno como problema na Europa

Para Kaletsky, o maior risco advém da Europa, e não da China ou dos EUA, devido a grande deterioração das expectativas em relação ao velho continente das projeções de outubro de 2018 e março de 2019, ou seja, maior variação modular em relação a variação negativa em pontos-base das projeções de crescimento.

“A Alemanha foi a pior economia do mundo em seis a nove meses”, afirmou, ressaltando a natureza de economia exportadora da Alemanha e as decorrências negativas da guerra comercial entre EUA e China. “A Alemanha se acostumou a exportar peças automotivas e bens de capital”.

“Aonde no mundo você terá os maiores retornos”, questiona Kaletsky, destacando o gráfico de valorização comparativa e da abertura do gap entre EUA e os outros mercados do mundo, como Zona do Euro, Japão, Reino Unido e EM (Emerging Markets).

Quando comparado com as empresas de capitalização média, mais correlacionadas com o ciclo econômico dos países, a diferença dos EUA em relação aos outros países é ainda superior, indicando que existe “alta probabilidade de que os ativos fora dos EUA apresentarão performance superior aos do resto do mundo”.

“O fluxo será direcionado para mercados emergentes e países como Brasil”, aponta Kaletsky, ressaltando o fraco momentum de crescimento das economias desenvolvidas em relação aos países emergentes.

“As economias ficaram dependentes ao crescimento atrelado às exportações”, afirma o economista-chefe, ressaltando a falta de consumo interno como problema na Europa, além do risco de default da Itália e as preocupações em torno da indústria automobilística.

Mais a fundo na indústria automobilística, Kaletsky indica a ocorrência de mudança significativa no setor como um todo.

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