Maior número de investidores pessoa física na B3 beneficiou a liquidez das small caps, comenta o gestor especializado Werner Roger
Enquanto ninguém ‒ nem bancos, nem influencers financeiros, nem casas de análise ‒ se atentava às chamadas “small caps” (empresas com baixo valor de mercado), o especialista Werner Roger já acompanhava o segmento. Com o aumento do número de investidores pessoa física na Bolsa, CIO e cofundador da Trígono Capital vê a liquidez das small caps aumentar, mesmo no período de turbulência atual.
Roger foi convidado do RadioCash, podcast apresentado por Felipe Miranda e Jojo Wachsmann. Você pode ouvir o episódio completo dando play abaixo e conferir os principais destaques nos próximos parágrafos:
Bolsa recebe mais investidores ‘pessoa física’ e small caps se beneficiam
Um dos problemas das small caps sempre foi a sua baixa liquidez, ou seja, era difícil vender os papéis e converter os ativos em dinheiro. Isto porque elas são empresas um tanto quanto “escondidas” na Bolsa e, portanto, suas ações não são negociadas no mesmo volume de papéis como VALE3, PETR4, ABEV3, ITUB4 ‒ as chamadas “blue chips”.
Mas este cenário está mudando. Cada vez mais as small caps entram no radar. Bancos, casas de análise financeira (como a Empiricus), influencers de finanças e até mesmo veículos de notícia têm aumentado sua cobertura em small caps. Somado a isso, o número de investidores pessoa física na B3 teve um salto significativo nos últimos anos, alcançando a marca de 3,8 milhões.
E nem mesmo a crise econômica, ocasionada principalmente pela pandemia de coronavírus, e as atuais notícias negativas sobre riscos fiscais e a crise institucional no país, conseguiram prejudicar a liquidez deste mercado. “Eu estou surpreso pelo nível de liquidez das small caps, que está muito bom, mesmo agora na queda da Bolsa”, comenta Werner Roger.
As small caps são uma opção de diversificação para os investimentos e não é difícil entender por que têm sido tão visadas pelos investidores: estas empresas podem render altos lucros.
Um exemplo é o fundo da Trígono no segmento, o Flagship 60, que apresenta uma rentabilidade de 239,70% desde sua criação, em abril de 2018, até o final de julho deste ano. Por sua vez, no acumulado de 2021 até 30 de julho, o retorno foi de 58,78%.
Em contraposição ao Ibovespa, que representa empresas de setores mais tradicionais, o Índice Small Cap (SMLL), índice das small caps, traz uma nova perspectiva para a Bolsa, com companhias de segmentos inovadores como as techs. “Quando a gente olha o SMLL, ele é a nova economia”, afirma Roger.
São Martinho, Randon e Tupy: apostas da Trígono Capital
Uma das empresas que está desde o primeiro momento no fundo Flagship 60 da Trígono é a São Martinho (SMTO3), small cap do segmento sucroalcooleiro. Roger, que tem formação na área de agronomia, conta ao RadioCash que conhece a fundo a companhia, acompanhando-a desde os tempos de faculdade. Ele enxerga um grande potencial para SMTO3 devido às questões dos biocombustíveis e dos créditos de carbono, que têm ganhado relevância. “A São Martinho, para nós, é um exemplo de ESG”, afirma.
“Para nós [na Trígono Capital], ESG é gestão de risco”, diz Werner Roger no podcast RadioCash.
O gestor da Trígono também comenta que está sempre atento ao cenário macroeconômico para tomar decisões sobre as empresas. A queda do minério de ferro, por exemplo, que prejudicou muito a blue chip Vale, foi benéfica para empresas como Tupy (TUPY3), que atua com fundição, e Randon (RAPT4), grupo fabricante de reboques, carrocerias, autopeças e máquinas agrícolas e que também tem fundição e depende do insumo. “Nesses casos, os custos baixaram”, destaca.
Dólar como proteção
Em meio a tantas crises que afetaram as Bolsas, especialmente a B3, nos últimos meses, Werner Roger afirma que costuma usar o dólar como um mecanismo de proteção: “Nós buscamos a estratégia de proteção, de hedge, através do dólar, mas não comprando a moeda. Investimos em empresas que se beneficiam do câmbio, ou porque exportam ou porque têm preços dolarizados ou porque têm atividades no exterior.”
Para o gestor, este momento de incerteza acaba gerando muitas oportunidades, mas é preciso avaliar quais são as apostas válidas. “Nós buscamos justamente arbitrar aquilo que não faz sentido”, diz. Roger se diz satisfeito com os resultados nos últimos dois trimestres e está com uma visão otimista para o próximo.
Os fundos da Trígono Capital fazem parte das carteiras de FoFs (fundos de fundos) da Vitreo e também estão entre os que mais captam na prateleira de fundos de terceiros da plataforma de investimentos, segundo Jojo Wachsmann, CIO da corretora e apresentador do podcast RadioCash.
Escute o episódio completo do RadioCash com Werner Roger abaixo: