Maior fundo soberano do mundo veta aporte em Vale e Eletrobras por danos ambientais
O fundo soberano da Noruega, que administra mais de 1 trilhão de dólares, decidiu excluir de sua carteira investimentos nas brasileiras Vale (VALE3) e Eletrobras (ELET3), ao alegar que as empresas causaram danos ambientais.
Os noruegueses também excluíram do portfólio algumas das maiores empresas de commodities do mundo, incluindo Glencore e Anglo American, devido à sua produção e uso de carvão.
Destacando o crescente papel de considerações climáticas sobre investidores de longo prazo, o fundo também vetou aportes na elétrica alemã RWE, na empresa petroquímica sul-africana Sasol e na firma holandesa de energia AGL Energy, também devido ao uso de carvão.
O anúncio nesta quarta-feira, em comunicado divulgado pelo fundo, foi a primeira revelação sobre a aplicação das medidas. O fundo sempre vende participações antes de anunciar exclusões, para evitar movimentos excessivos nos mercados.
Outras companhias foram colocadas sob observação para possível exclusão posterior caso não tratem a questão do uso de carvão, disse o fundo, citando BHP, Uniper, Enel (ELPL3;ELPL4) e Vistra Energy.
O fundo, criado em 1996, visa poupar para gerações futuras as receitas da Noruega com a produção de petróleo e gás. Ele está entre os maiores investidores do mundo, possuindo cerca de 1,5% de todas ações listadas globalmente.
Ele opera sob diretrizes éticas definidas pelo parlamento e exclui da carteira empresas que não as respeitam. É frequente que seus movimentos sejam seguidos por outros fundos.
Nesta quarta-feira, o fundo disse que levou um longo tempo para vender as ações de diversas das empresas excluídas devido à situação do mercado, incluindo a liquidez em algumas ações. Os mercados têm passado por momentos de turbulência devido ao novo coronavírus.
O conselho de Ética do fundo recomenda a exclusão de empresas que não respeitem suas diretrizes quanto à ética. O conselho do banco central da Noruega então decide quando agir.
Três empresas foram excluídas por causarem danos ambientais– a egípcia ElSewedy Electric, a mineradora brasileira Vale e a elétrica brasileira Eletrobras.
A Vale recusou-se a comentar, enquanto a Eletrobras e a ElSewedy não foram encontradas de imediato para comentar sobre o movimento dos noruegueses.
O fundo também pode reverter as exclusões se as empresas resolverem os problemas levantados.