Maior fundo de pensão do mundo olha além de dívida soberana
O presidente do maior fundo de pensão do mundo disse que não está em busca apenas da segurança da dívida soberana, pois a era de juros em queda leva até o mais conservador dos investidores a rever os manuais.
Masataka Miyazono, presidente do gigantesco Fundo de Investimento de Pensões do Governo do Japão (GPIF, na sigla em inglês), com 162,1 trilhões de ienes (US$ 1,5 trilhão) em ativos, disse que o fundo avalia uma série de títulos de dívida estrangeira em busca de retornos constantes em mercados afetados pela pandemia. O fundo reverteu uma perda recorde para um ganho histórico nos primeiros seis meses de 2020.
“Vamos aumentar a sofisticação de nosso investimento, enquanto monitoramos de perto o risco-retorno”, disse Miyazono, de 67 anos. “Além de títulos soberanos estrangeiros, há também dívida hipotecária, dívida corporativa a ser considerada”, disse em entrevista na terça-feira em Tóquio.
Entre as opções para o GPIF, estaria a realocação de fundos aplicados em títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo em ativos mais arriscados, já que os rendimentos soberanos globais caíram para mínimas históricas. O fundo também está de olho em dívida europeia após o acordo da UE sobre o fundo de recuperação, afirmou.
“Além dos títulos do Tesouro, há também dívida europeia, que é mais difícil do ponto de vista da moeda”, disse. “O fundo de recuperação da UE é um ponto de progresso a ter em mente, e veremos se isso é apenas um movimento de curto prazo ou um movimento para reavaliar o bloco da UE.”
Miyazono dificilmente poderia ter assumido o comando em um momento mais desafiador. Nomeado poucos dias após o caos do mercado causado pelo coronavírus em março, um de seus primeiros anúncios foi a perda recorde do fundo de 17,7 trilhões de ienes, um tópico político sensível que dá manchete em um país em envelhecimento e onde a previdência social é uma grande preocupação.
Novo portfólio
O período de Miyazono no comando coincidiu com as maiores mudanças do fundo em alocações de ativos nos últimos anos. O fundo conseguiu reverter os resultados com ganho recorde nos três meses encerrados em junho, e não há planos para alterar a carteira, disse Miyazono.
“Os mercados estão voláteis no momento, então é mais desafiador do que o normal administrar o portfólio”, reconheceu Miyazono. “Mas somos um investidor de longo prazo. Acho que a chave é permanecer fiel ao seu portfólio básico.”
O fundo também mantém as metas de investimentos ambientais, sociais e de governança, conhecidos pela sigla ESG em inglês. “Mesmo com a pandemia de coronavírus, não há mudança em nossa meta de nos envolver ativamente em investimentos em ESG”, disse Miyazono. “Mas não temos metas numéricas para atingir.”