CryptoTimes

Rússia está mais perto de driblar sanções? BC aprova emissão de ativos digitais

18 mar 2022, 10:19 - atualizado em 18 mar 2022, 12:05
Sberbank Rússia
Sberbank é o maior banco da Rússia (Imagem: Reuters/Maxim Shemetov/File Photo)

Em breve, o maior banco da Rússia, Sberbank, começará a emitir e negociar ativos financeiros digitais.

O banco anunciou, ontem (17), que companhias poderão fazer transações em sua plataforma blockchain daqui a um mês.

Sberbank recebeu aprovação do Banco Central da Rússia um mês depois de a plataforma Atomyze Russia ter sido autorizada a negociar ativos digitais, segundo a Reuters.

A iniciativa em relação a ativos digitais acontece durante o conflito entre Rússia e Ucrânia, após países do Ocidente terem anunciado sanções econômicas ao governo de Vladimir Putin.

O comunicado do Sberbank menciona possíveis benefícios ao mercado. Companhias poderão emitir seus próprios ativos financeiros digitais, os quais “possibilitarão que elas atraiam investimentos do mercado”, consta no anúncio.

As empresas também poderão adquirir esses ativos, o que possibilitará que elas “invistam seus fundos atualmente ociosos para gerar renda”.

“Estamos apenas começando nosso trabalho com ativos digitais, e percebendo que novos desenvolvimentos exigem adaptação da atual estrutura regulatória”, disse Sergey Popov, diretor da Divisão de Transações de Negócios do Sberbank.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Rússia mais perto de evadir sanções?

Após a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, diversos países se mobilizaram para impor sanções econômicas à Rússia.

No entanto, uma das principais preocupações após as sanções é que o país poderia usar criptomoedas como um meio para driblar as medidas e manter o acesso a recursos financeiros.

A União Europeia, por exemplo, anunciou no início do mês a inclusão de criptomoedas em suas sanções à Rússia e Belarus.

A recente aprovação do Banco Central para a emissão de ativos digitais do Sberbank acende um novo alerta ainda maior, pois indica um possível aumento nas chances de a Rússia driblar as sanções.

O fato de que companhias poderão atrair investimentos a partir da emissão de seus próprios ativos financeiros digitais, e a necessidade de “uma adaptação da estrutura regulatória”, como disse Popov, apontam para um potencial meio de desvio das sanções.

Regulamentação cripto na Rússia

Em janeiro deste ano, o Banco Central da Rússia propôs banir completamente o uso e a mineração de criptomoedas, citando ameaças à estabilidade financeira, ao bem-estar dos cidadãos e à soberania da política monetária.

No entanto, poucos dias depois, Putin freou a tentativa de proibição pela instituição financeira. Como justificativa, o presidente da Rússia mencionou as possíveis vantagens do país no setor.

“Temos aqui certas vantagens competitivas, especialmente na chamada mineração de criptomoedas. Refiro-me à eletricidade excedente e às equipes bem treinadas presentes no país”, disse Putin.

A Rússia, atrás somente dos Estados Unidos e do Cazaquistão, tornou-se a terceira maior fonte de taxa de hashes da rede Bitcoin no mundo em 2021, atrás somente dos Estados Unidos e Cazaquistão.

A mudança no ranking aconteceu depois de mineradores cripto terem deixado a China, depois que o governo do país baniu as criptomoedas de modo semelhante à proposta do Banco Central russo.