Maior aperto monetário nos EUA pode reverter fluxo para emergentes, diz Campos Neto
Uma aceleração no ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos pode ter efeito sobre países emergentes e reverter fluxo de investimentos para essas nações, principalmente se a inflação continuar surpreendendo para cima, afirmou nesta segunda-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em evento promovido pela Arko e Traders Club, Campos Neto disse que o mercado ainda projeta que o ciclo implementado pelo banco central americano resultará em uma taxa de juros próxima da neutra, não restritiva. Ele explicou, porém, que em uma situação de inflação persistente e com novo choque relacionado à guerra na Ucrânia, é provável que o aperto monetário americano seja mais intenso no curto prazo.
“Como as inflações continuam surpreendendo, a gente pode ter um movimento de mais altas (de juros nos EUA) no curto prazo, e se esse movimento não vier com percepção de que vem junto de crescimento forte, talvez a gente tenha uma reversão parcial desse fluxo para países emergentes”, disse.
Campos Neto disse que o núcleo de inflação (que desconsidera elementos mais voláteis) está muito alto no Brasil. Para ele o dado recente do IPCA foi uma surpresa e é preciso avaliar se a tendência mudará.