Maia defende que formação de base do governo poderia ter sido mais transparente
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou nesta quarta-feira que a investida do governo para consolidar uma base de sustentação no Congresso é democrática, mas argumentou que ela poderia ter ocorrido de maneira mais transparente.
O deputado disse que o presidente Jair Bolsonaro elegeu-se criticando a política e os métodos de articulação no Legislativo.
Na avaliação de Maia, a falta de uma movimentação mais aberta e declarada à sociedade sobre os acordos selados com os partidos abriram brecha para que fossem vistos de maneira negativa.
“Eu acho que o problema ali é que o presidente rejeitou tanto a política que quando ele quer a política, a imprensa critica”, disse, em live em perfil de rede social da jornalista Leda Nagle.
“O que eu acho que faltou nessa aproximação é uma reunião do presidente com os líderes e presidentes desses partidos e informar a sociedade de forma transparente ‘estou aqui com os presidentes desses partidos, nós estamos juntos para o enfrentamento à pandemia, nós temos uma agenda de curto prazo, de médio e longo prazo, a nossa aliança vem no intuito de aprovar e pedir à Câmara e ao Senado essa pauta, e é por isso que eu preciso dessa base’, eu acho que faltou algo assim para gerar mais transparência na relação”, avaliou Maia.
O parlamentar lembrou que a maioria desses deputados tem uma agenda reformista que converge com as intenções do governo na área econômica. Citou, inclusive que foi o grupo político que garantiu os votos para a aprovação da reforma da Previdência.
“Como não teve nada formal, um documento, uma reunião, fica sempre se tratando como se ali houvesse apenas interesses menores”, explicou, rebatendo que garantir emendas para municípios e outras tratativas que envolvem a constituição de uma base implicam em fisiologismo e nem em atitudes antidemocráticas.
Mais uma vez questionado sobre a possibilidade de se candidatar novamente à presidência da Câmara, Maia destacou que não é permitido. Negou ainda, ter um candidato e defendeu que o assunto seja deixado para depois, diante do cenário de crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
“Está muito longe, isso é que nem uma maratona. Quem começar a correr a maratona agora com ritmo de 100 metros rasos não vai aguentar chegar no meio da corrida”, avaliou o presidente da Câmara.
“Esse é um tema que a gente tem que deixar lá para novembro, novembro é uma data boa”, disse, acrescentando que “não é hora de tratar de eleição” em meio à pandemia.
O presidente da Câmara avaliou ainda que a comunicação entre os Três Poderes constituiu um problema, que já começa a dar sinais de melhora.
Maia aproveitou para declarar que o Parlamento está disposto a sentar à mesa com o governo para discutir a prorrogação do auxílio emergencial de 600 reais aos chamados vulneráveis. Segundo ele, o clima majoritário entre os deputados tende à manutenção dos 600 reais em duas parcelas.
Maia voltou, ainda, a apontar que os recursos disponibilizados para o capital de giro de micro, pequenas e médias empresas precisa chegar à ponta.
Maia deve indicar ainda nesta quarta-feira relator para medida provisória de ajuda a médias empresas, de forma que possa ser votada na próxima semana ou na seguinte.