Política

Maia apoia reforma da Previdência, mas não será articulador do governo

08 abr 2019, 21:10 - atualizado em 08 abr 2019, 21:10
O presidente da câmara, Rodrigo Maia
Presidente da Câmara ressaltou a importância de se repensar os gastos públicos e o tamanho do Estado (Will Shutter/Câmara dos Deputados)

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou nesta segunda-feira (8) que continua a participar ativamente da aprovação da reforma da Previdência, mas que não tem mais condições de ser um articulador político do governo em relação ao tema. Maia participou de evento “E agora, Brasil?”, promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico em Brasília, juntamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Maia disse que vai continuar a cumprir o seu papel institucional na defesa da reforma da Previdência. Segundo ele, se a reforma não for aprovada, o País vai enfrentar uma grave crise econômica. No mês passado, Rodrigo Maia e o presidente da República, Jair Bolsonaro, trocaram críticas sobre a condução da articulação política do governo no Congresso.

“Não tenho mais as condições que eu tinha de ser um articulador político. Se o governo quiser votar, no dia 15 de junho, a pauta está dada. Se o governo vai ganhar, pergunta para o ministro Onyx [Casa Civil]. Eu perdi as condições de cumprir o papel porque fui mal compreendido”, afirmou Maia.

Rodrigo Maia reafirmou que não pretende falar nem de prazo nem de votos para a reforma. “O que o governo precisa é ter 308 votos no dia da votação. E a data é irrelevante, se um mês antes ou depois, o importante é a economia”, destacou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Gastos

Maia ressaltou a importância de se repensar os gastos públicos e o tamanho do Estado brasileiro. Ele destacou que a Câmara não vai votar “pautas-bomba”, pois não será instrumento para gerar nenhum tipo de problema fiscal para o País.

O presidente também criticou o salário dos servidores públicos. Segundo ele, o valor dos salários ficou mais caro em relação à realidade do setor privado brasileiro. Ele defendeu um plano de cargos e salários para o setor.

De acordo com Maia, muitas carreiras do funcionalismo público chegam rapidamente no topo da carreira e procuram saídas “extrateto”, ou seja, saídas remuneratórias para o teto da categoria.

“Essa captura do orçamento acabou gerando um divórcio grande da política com a sociedade. Se o orçamento está capturado por poucos em detrimento de milhões, significa que a política perdeu as condições de responder às demandas da sociedade. O salário dos servidores públicos ficou caríssimo em relação à realidade do setor privado brasileiro. O salário é muito alto, ninguém tem mais estímulo para fazer carreira”, disse.

Orçamento

O presidente da Câmara voltou a defender a PEC 2/15, que amplia o orçamento impositivo. A proposta, modificada pelo Senado, retorna à Câmara para ser apreciada pelos deputados. Segundo Maia, a proposta recompõe as prerrogativas do Parlamento, além de não engessar o orçamento nem tirar o poder do Executivo de contingenciar recursos quando a arrecadação não é a esperada.

“A grande discussão é: estamos vendo uma oportunidade que a gente não teve com outros governos, que é o Poder Legislativo se reafirmar como um poder independente, que reassume suas prerrogativas. O orçamento é uma delas”, defendeu.

agencia.camara@moneytimes.com.br