Magazine Luiza: por que os mercados não reagiram aos resultados, mesmo com números fortes?
O resultado do Magazine Luiza (MGLU3) voltou a arrancar elogios de analistas, novamente impulsionado pelo e-commerce, que compensou as perda nas lojas físicas devido às restrições provocadas pela alta da Covid.
Apesar disso, possíveis pressões no ambiente digital ainda geram cautela entre os especialistas. No ano, as ações da empresa acumulam queda de 23%. O temor é que um ambiente cada vez competitivo prejudique o desempenho da companhia.
As ações do Magalu praticamente ficaram estáveis na sessão desta sexta-feira (14). Por volta das 16h48, os papéis caiam 0,31%, a R$ 19,06.
A varejista reportou líquido recorrente de R$ 81,5 milhões no período, ante prejuízo de R$ 8 milhões do ano anterior, com as vendas online mais do que dobrando.
Sem ajustes, o lucro foi de R$ 258,6 milhões.
O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado saltou 56%, para 427,2 milhões de reais. A cifra ficou acima das expectativas do mercado em 20% por conta de um sólido desempenho das lojas físicas.
De acordo com a XP Investimentos, a empresa superou seus concorrentes em crescimento, com GMV (volume bruto de mercadoria) total de 63%.
Para o BTG, o Magazine Luiza teve, como esperado, um forte conjunto de resultados, com o e-commerce novamente sendo um destaque positivo.
“A evolução da companhia como uma plataforma de comércio e a entrega de um crescimento impressionante do e-commerce foram explicadas, principalmente, por uma crescente base de vendedores da empresas as entregas expressas (24 horas), representaram 51% das vendas do segmento”, afirmam os analistas Luiz Guanais, Victor Rogatis e Luiz Temporini.
Além disso, eles citam as iniciativas financeiras da companhia, como a Magalu Pagamentos, que atingiu R$ 2,7 bilhões. Já o MagaluPay somou 2,9 milhões de contas, ou 4% dos pagamentos dentro de seu ecossistema.
Os números da Luizacred também foram destaque, com o lucro líquido do segmento totalizando R$ 36 milhões, ante os R$ 10 milhões do ano passado. Enquanto o uso do cartão dentro das lojas aumentou 13%, o faturamento fora das lojas cresceu 19%.
Segundo o Inter Research, a empresa tem a oportunidade de gerar valor por meio do fortalecimento de seu ecossistema por conta das últimas aquisições, bem como da evolução de seus serviços garantindo novas fontes de faturamento.
“Na vanguarda da omnicanalidade varejista brasileira, esperamos que a companhia volte a conquistar margens com a retomada do fluxo de pessoas nas lojas físicas após a vacinação”, afirma Breno Francis de Paula.
O BofA acrescenta que houve uma subestimação da recente aquisição do site Jovem Nerd.
“Ao mesmo tempo em que reconhecemos uma oportunidade atraente, também sugerimos o site excepcionalmente bem posicionado como um portal de comunicação para dezenas de milhares de desenvolvedores de software brasileiro”, apontaram os analistas Robert E. Ford Aguilar, Melissa Byun, Vinicius Strano e Guilherme Vilela.
Já a Ágora argumenta que, no geral, este é mais um resultado de alta qualidade da Magazine Luiza.
“Mas por enquanto continuamos com nossa visão mais cautelosa sobre o comércio eletrônico devido às pressões competitivas”, aponta.
Na opinião da XP, apesar do sólido resultado apresentado pela companhia, é possível esperar um cenário competitivo bastante desafiador nesse ano, inclusive com iniciativas de players internacionais como Amazon e Alibaba, o que deve trazer volatilidade para as ações do setor no curto prazo.
A visão é oposta ao BTG Pactual, que afirma que o e-commerce continuará crescendo a uma taxa secular, definida para pelo menos triplicar até 2025, aumentando a penetração sobre o total de vendas no varejo.
“Como em mercados mais maduros, existe uma tendência de consolidação pela frente, com poucos vencedores”, conclui.
Veja as recomendações
Corretora | Recomendação | Preço-alvo |
---|---|---|
Inter | Neutra | R$ 26 |
XP | Neutra | R$ 27 |
BofA | Compra | R$ 30 |
BTG | Compra | R$ 23 |
Ágora | Neutra | R$ 27 |