Magazine Luiza: queda de 60% das ações exige mais cautela do que euforia, aponta XP
O tombo do Magazine Luiza (MGLU3), que acumula queda de 60% no ano, pode induzir alguns investidores a pensar que isso é uma grande oportunidade de compra. Mas não para a XP.
Em relatório enviado a clientes nesta quarta-feira, os analistas Iago Garcia, Thiago Suedt, Danniela Eiger e Gustavo Senday afirmaram que é necessário ter cautela com o papel.
“Investidores precisam considerar outros fatores antes de comprar as ações de qualquer companhia nesse momento, como apetite a risco, prazo de investimento do investidor, comparação do valuation das companhias comparáveis, entre outros”, destacam.
Para eles, embora o setor de varejo tenha derretido nos últimos meses, ainda há pontos que exigem atenção especial. Eles citam quatro fatores:
- ainda existe um grande risco para os resultados das companhias, dado que a demanda pode ser mais fraca e a concorrência deve continuar bastante acirrada;
- os produtos eletrônicos e de linha branca, que são categorias-chave para o comércio eletrônico, tendem a ser mais cíclicos devido ao tíquete médio mais alto, e a demanda dos consumidores por essas categorias pode ter sido de certa forma antecipada durante a pandemia;
- os players listados estão mais expostos às classes mais baixas, que também sofrem mais em um ambiente macroeconômico mais difícil,
- o cenário competitivo deve permaneça desafiador, o que acaba aumentando a pressão na rentabilidade das companhias;
A recomendação da XP é neutra, com preço-alvo de R$ 18 por ação.
Por que caiu?
Na visão dos analistas da corretora, o Magalu teve performance sólida no canal online, mas com margens pressionadas. No terceiro trimestre, o GMV (valor bruto de mercadoria) online cresceu 22%, impulsionado pelo marketplace (3P) em 67%.
No entanto, as vendas das lojas físicas apresentaram queda de 8%, impactadas pela deterioração da economia.
“Destacamos mais uma vez que o setor de varejo como um todo é fortemente impactado pelo cenário macroeconômico, e olhando para o segmento de e-commerce, isso tem sido ainda mais forte, seja pelo ajuste de projeções nos modelos dos analistas de mercado”, aponta.
Olhando para a rentabilidade e geração de caixa das companhias do segmento, o Magalu reportou a pior margem Ebitda e Americanas (AMER3) a melhor, enquanto todas as varejistas tiveram queima de caixa no trimestre.
“Em relação à rentabilidade, a margem Ebitda caiu 2,5 p.p, devido a uma margem bruta pressionada pela maior participação do e-commerce e inflação de custos enquanto houve um aumento de despesas de marketing no ecommerce e a performance das lojas físicas levou a uma menor diluição de despesas operacionais”, acrescentam os analistas.