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Magazine Luiza (MGLU3) voltará a ‘ser feliz’ em 2023?

07 jan 2023, 15:00 - atualizado em 30 dez 2022, 15:03
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Magazine Luiza derreteu na Bolsa em 2022 (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O varejo foi penalizado por um ambiente macro desafiador em 2022, com inflação e juros elevados afetando o poder de compra do consumidor. Nesse contexto, as ações dos varejistas de e-commerce, em especial Magazine Luiza (MGLU3), derraparam.

O papel do Magalu, que começou o ano na casa dos R$ 6,70, derreteu para incríveis R$ 2,74, representando um recuo de aproximadamente 60%.

Com a chegada de um novo ano, analistas estão com expectativas renovadas para algumas empresas da Bolsa. No entanto, esse não é o caso da dona do slogan “Vem ser feliz”.

Analistas preveem um 2023 com uma dinâmica semelhante a de 2022, pelo menos no curto prazo.

Segundo Diego Leoncini, analista da Esh Capital, existe a possibilidade de o mercado enxergar uma recuperação dos resultados de Magalu, Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), mas de caráter mais pontual. Para 2023, o especialista espera que a dinâmica continue a mesma.

“A performance vai depender muito de como a administração [dessas empresas] vai lidar com a situação macro. Uma maior disponibilidade de renda será positiva para as companhias, mas não acho que isso será um game changing“, comenta.

Vai piorar?

Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, o cenário não só segue desafiador como parece piorar. Segundo ele, os papéis dos varejistas poderiam ter um respiro se a economia doméstica começasse a ver uma queda da inadimplência, o que não está acontecendo.

“O nosso cenário, hoje, contempla o lado oposto: a gente ainda não chegou em um ponto de inflexão da inadimplência. Ainda continuará piorando, pelos dados que vimos no terceiro trimestre”, diz.

Na avaliação do BB Investimentos, apesar da melhoria de alguns drivers econômicos, alguns pontos (macro e micro) ainda preocupam.

Tais preocupações, como juros altos, incertezas em relação à taxa de desconto e estimativas de crescimento e rentabilidade, se refletem no desempenho das companhias de varejo, destaca.

“Os papéis das empresas que cobrimos estão negociando a múltiplos bastante inferiores à média histórica dos últimos dois anos. Isso significa que o mercado está precificando um cenário mais difícil à frente, podendo ocorrer novas revisões baixistas de receita e lucro a depender do impacto da taxa de juros na contração da atividade de consumo em 2023, o que em tese reduziria esse desconto”, explica o BB.

Hora de comprar?

Apesar da postura cautelosa para o setor de varejo, o BB Investimentos ainda tem recomendação de compra para a ação do Magazine Luiza, com preço-alvo ao fim de 2023 de R$ 3,50. Para Via e Americanas, a sugestão é “neutra” e de venda, respetivamente.

Outros analistas não estão com recomendação de compra para o Magalu.

Ferrer, da Empiricus, indica, inclusive, evitar o papel.

“Dado o juro alto no Brasil e no mundo, não nutro fortes expectativas para essas companhias. Pelo contrário, acho que são companhias para você evitar”, afirma o analista.

Leoncini, da Esh Capital, acredita que o Magazine Luiza está em posição melhor em relação aos pares, considerando o ganho de participação de mercado no e-commerce ao longo dos últimos anos.

Porém, a preferência da Esh é pelo Mercado Livre.

“A gente sente que o Mercado Livre vai ser o grande vencedor e é o que está mais preparado para lidar e surfar com a consolidação do setor”, explica.

Recentemente, a Ativa Investimentos cortou a recomendação do Magalu e da Americanas de “compra” para “neutra”, com preços-alvo de R$ 4,20 e R$ 16,50, respectivamente. A corretora avalia que os varejistas de e-commerce passarão por um começo de ano com resultados apertados em 2023, se reorganizando operacionalmente, enquanto o comportamento do consumidor se estabiliza.

“Há alguns indicadores que podem impactar numa melhoria do consumo, mas ainda há incertezas”, ressalta, citando a curva longa de juros, o aumento da competição no setor e uma demanda em recuperação lenta.