Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e demais varejistas voltarão a brilhar? Setor sobe após dados animadores
As ações das varejistas listadas no Ibovespa sobem em bloco nesta quarta-feira (12), dia também positivo para o índice. Por volta das 13h, o setor avançava 2,46%, enquanto o IBOV valorizava 0,83%, a 107.097 pontos.
A alta não é por acaso. Na manhã de hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, em janeiro deste ano, o volume de vendas do comércio de varejo subiu 3,8% frente ao mês anterior. Na comparação anual, a alta foi de 2,6%, marcando a sexta consecutiva.
Segundo os especialistas do Banco Original, Marco Caruso e Igor Cadilhac, após uma sequência de resultados negativos ou estáveis, o crescimento foi uma surpresa positiva.
O destaque ficou com o setor de tecidos, vestuários e calçados, que cresceu 27,9% — o mesmo que saía na frente na Bolsa hoje. As ações de Marisa (AMAR3), Guararapes (GUAR4), Renner (LREN3) e C&A (CEAB3) disparavam 6,15%, 3,65%, 2,78% e 2,71%, respectivamente.
Os especialistas afirmam que o resultado pode ter sido influenciado por uma Black Friday e um Natal mais modesto em dezembro – o mês de comparação – , mas também por um mercado de trabalho aquecido e com rendimentos crescentes.
Para os próximos meses do ano, Caruso e Cadilhac, do Banco Original, acreditam que a performance do setor deve ser “mais heterogênea”.
De um lado, eles pontuam que o encarecimento do crédito e o alto comprometimento de renda das famílias deve seguir pesando sobre os itens de maior valor agregado. De outro, o bom desempenho do mercado em ambiente de arrefecimento da inflação e transferências de renda por parte do governo darão sustentação ao varejo.
Além do salto nas vendas
Além dos dados do IBGE, o analista da Nord Research, Victor Bueno, afirma que a alta do setor no dia é explicada, em partes, pelo desejo da Receita Federal em acabar com a isenção de imposto das compras no exterior no valor de até US$ 50.
Segundo a Receita, o benefício vale apenas para pessoa física, mas vem sendo amplamente utilizado fraudulentamente para vendas realizadas por empresas estrangeiras.
O analista da Nord afirma a notícia afeta as varejistas do exterior com forte atuação em solo brasileiro — como Shein, AliExpress e Shoppe — e ajuda as nacionais.
Outro fator que colabora com o otimismo em relação às varejistas é ainda o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro da meta, divulgado ontem (11), segundo analistas.
Bueno ressalta que a desaceleração acima das expectativa da inflação faz o mercado começar a especular uma eventual queda da taxa de juros, que afeta diretamente as varejistas.
A baixa do índice incentiva o consumo da população, o que ajuda na receita das empresas e reverte o cenário de compressão de lucros, diz o analista.
A alta cria tendência otimista para o varejo?
Para Bueno, da Nord, ainda é cedo para afirmar que a alta do varejo é sustentável. “Estamos em um momento que qualquer notícia positiva traz otimismo elevado para o mercado, ainda mais para as empresas do varejo que são muito penalizadas desde 2021”, diz.
Ele afirma que, apesar do mercado já especular uma queda da Selic ainda esse ano, ainda é preciso avaliar as próximas notícias para dar suporte à tese. No caso de uma desaceleração sustentável da inflação e dos juros, as chances de uma tendência de alta pro setor são maiores.
“Se esse cenário se concretizar, veremos o varejo como um dos principais setores em recuperação”, afirma.
As empresas de segmentos mais sensíveis ao cenário macroeconômico — como vestuário e grande varejo — são as que devem se beneficiar mais dessa recuperação. O analista destaca Renner, Arezzo (ARZZ3) Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VIIA3).
Bueno também afirma que, como o varejo sofreu como um todo, até os ramos mais resilientes tendem a ter novas altas — Petz (PETZ3) e Vivara (VIVA3) são os destaques.