Magazine Luiza (MGLU3): Quer ter lucros com ação? Não no curto prazo, dizem analistas
Apesar do otimismo com a queda da Selic ter feito o Magazine Luiza (MGLU3) retomar a atenção de alguns investidores, o curto prazo continua desafiador para a empresa comandada pela família Trajano, o que impede uma alta maior para o papel.
Neste ano, MGLU3 acumula alta de 15%. Porém, só no último mês a ação tombou 20% e perdeu R$ 1 do valor, saindo de R$ 4,06 em 1º de junho para o atual patamar de R$ 3. Para analistas, o Magazine até pode surpreender, mas não agora.
Revisão de estimativas do Magazine Luiza
Na última semana, pelo menos dois bancos revisaram a tese da varejista: Santander e BTG Pactual. No caso do primeiro, os analistas foram bem enfáticos ao argumentarem que o cenário para o varejo continua ruim.
“Embora estejamos aumentando nossa receita bruta de 2023 em aproximadamente 3%, os ventos contrários nos impostos sobre vendas e a recuperação mais lenta do que o esperado nas principais categorias do Magalu em lojas, provavelmente, reduzirão qualquer recuperação significativa da lucratividade em 2023″, observam.
Para eles, o mercado já precificou a melhora da dinâmica competitiva e um Ke (custo de capital próprio de uma empresa) mais baixo provocado pelo próximo ciclo de flexibilização da Selic — a expectativa é que os cortes na taxa de juros se iniciem em agosto ou setembro.
“A próxima etapa de alta pode ser desencadeada por uma recuperação operacional que ainda não se materializou e, portanto, preferimos esperar por um ponto de entrada melhor para equilibrar o risco de decepção nos lucros”, argumentam.
O banco até aumento o preço-alvo (R$ 2,8 para R$ 4,8), mas preferiu manter a recomendação neutra no papel.
Já o BTG, apesar do otimismo ao reiterar a recomendação de compra, rebaixou o preço-alvo de R$ 7 para R$ 6. “Ainda vemos obstáculos operacionais após resultados do primeiro trimestre mais fracos do que o esperado”, discorre.
Nos três primeiros meses do ano, o Magazine Luiza reportou o seu pior prejuízo da história, a R$ 391,2 milhões.
“A lucratividade e o FCF (fluxo de caixa de livre, em português) ditarão o desempenho das ações nos próximos trimestres”, discorrem os analistas.
- O Magazine Luiza despencou 10%: a ação tem salvação, ou é hora de fugir da varejista? Confira a resposta de João Piccioni, analista-chefe da Empiricus Research assistindo ao vídeo abaixo.
Dados preocupantes
Dados do varejo divulgados pelo IBGE na última sexta mostram que o setor caiu 1% e registrou o pior mês desde 2018, quando a queda foi de 1,8%, o que deixou parte do mercado preocupado.
E esse não é o único sinal da fraqueza econômica. Números do IGet (feitos a partir da maquininha de pagamentos do Santander, a GetNet) de junho mostraram a terceira contração seguida na atividade do varejo. Após retomada no primeiro trimestre, o IGet ampliado caiu na margem ao longo de todo o segundo trimestre.
“Os dados sugerem uma temporada de resultados mais fracas para as varejistas (em termos de vendas), onde o índice iGet mostrou a tendência de desaceleração das categorias do varejo, após recuperação do setor no 1T23, em linha com o ambiente macro (juros e crédito) mais desafiador”, coloca o analista.
Para ele, as cifras reforçam um ambiente econômico difícil aos players de comércio eletrônico e varejistas focados em eletroeletrônicos (VIIA3 e MGLU3) e moda de baixa renda (C&A, GUAR3, AMAR3 e LREN3).