Magazine Luiza (MGLU3): Por que alta dos juros não assusta? ‘Estamos confiantes na estratégia’, diz CFO

O CFO do Magazine Luiza, Roberto Bellissimo, falou ao Money Times as perspectivas para o 2025 da varejista (Imagem: Divulgação)

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Juros altos e setor varejista são uma combinação reconhecidamente complicada. Apesar disso, o início de um novo ciclo de altas da taxa básica (Selic) não impediu o Magazine Luiza (MGLU3) de entregar um ano de 2024 no azul, após um período complexo para a companhia justamente por conta dos juros.

Durante a pandemia a Selic chegou a 2%, mas quando o ciclo de alta veio, levou a taxa para um patamar de dois dígitos. Nesse período, devido ao brusco impacto econômico, o varejo sofreu. Mas o Magalu deixou isso para trás em 2024, tendo entregue no quarto trimestre seu quinto lucro líquido consecutivo.

O diretor financeiro (CFO) do Magalu, Roberto Bellissimo, contou ao Money Times que a companhia hoje não conta apenas com sua força em bens duráveis para entregar bons resultados. Nos últimos anos, destaca o investimento da varejista na expansão de seu ecossistema.

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Para 2025, o CFO afirma que o foco está em manter a rentabilidade da companhia, margens e geração de caixa, visando um ecossistema que “blinda” a varejista de mais um ciclo de altas taxas de juros.

Na quarta-feira (19), mais uma alta de 1 ponto percentual na Selic deve ser anunciada, concretizando a orientação dada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no final de 2024. Há bancos, como o UBS BB, que chegam a projetar um patamar de 15,25% ainda neste ano.

Bellissimo recorda que no início do ano anterior, a perspectiva não poderia ser mais diferente: o mercado projetava uma Selic ao fim do ano em 9%, e o que se concretizou foi uma alta expressiva em meio a desconfiança do mercado com a responsabilidade fiscal do governo.

Neste cenário, o Magazine Luiza conseguiu entregar um resultado acima das expectativas de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e com redução da despesa financeira, destaca o CEO, fruto de um foco no aumento de margem e rentabilidade.

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“Nesse ano, com a Selic subindo mais ainda, entendemos que a mesma estratégia que deu certo no ano passado, vai dar certo esse ano”, afirma.

Ele pondera, no entanto, que o efeito do aumento dos juros não é tão grande quanto já foi um dia. Além disso, afirma que o Magalu conta com o menor nível de inadimplência da história.

“Estamos bastante confiantes de que estamos com a estratégia certa, com diversificação e mais resiliência em relação a essa volatilidade na taxa de juros”, diz.

Não é o ano do crescimento, mas ele é bem-vindo

Apesar de a empresa estar “blindada”, mensagem esta que vem sendo passada pelo Magazine Luiza já há alguns trimestres, o CFO reconhece que 2025 não é um ano de foco no crescimento.

“É um ano para aumentar a margem, a rentabilidade, o lucro e a geração de caixa. O foco da companhia vai continuar sendo esse”, diz Roberto Bellissimo.

Segundo ele, o amadurecimento dos novos serviços lançados pelo Magalu tende a gerar uma contribuição positiva para a evolução das margens, tendo em vista que a maioria são receitas de serviços, e esses serviços são mais lucrativos do que a simples venda de produto.

Entre esses serviços estão o CDC Digital, plataforma de ads, fulfillment, cloud e o marketplace.

“Hoje temos uma série de iniciativas que estão amadurecendo, evoluindo e gerando receitas, que estão contribuindo para continuarmos aumentando as margens, mesmo num cenário de juros maiores. Essa estratégia deixa o Magalu muito mais resiliente, muito mais blindado dos efeitos dos juros maiores na economia”, afirma.

Segundo Bellissimo, o Magazine Luiza mantém seu foco de crescer em todos os canais possíveis e não há um foco específico em e-commerce ou loja física.

Para 2025, a varejista não tem uma perspectiva de grandes investimentos em aberturas de lojas, com exceção da megaloja anunciada no ano passado, no formato conceito, que estará localizada na antiga Livraria Cultura da Avenida Paulista, em São Paulo.

“Nós já temos uma presença muito grande em todas as regiões, praticamente, do Brasil, então não temos uma necessidade de abertura de lojas por questões geográficas. Dado o cenário de juros ainda muito altos, a gente tem priorizado os investimentos em tecnologia”, coloca o diretor financeiro.

No curto prazo, o direcionamento da companhia está voltado para investimentos em tecnologia e visa a continuidade de crescimento em todos os canais, com foco em conversão no e-commerce.

Parceria Magazine Luiza e AliExpress

Em junho de 2024, o Magazine Luiza anunciou sua parceria com o AliExpress para listagem e venda dos produtos em ambos os marketplaces. Segundo o Bellissimo, ambas empresas estão satisfeitas com a parceria, que contam com as vendas crescendo diariamente.

Ele pontua que a primeira fase, de troca de catálogos, está funcionando adequadamente. Com isso, segundo o CFO, já existem discussões avançadas para colocar a próxima fase em prática, com a integração do Magalog, a empresa de logística do Magazine Luiza, com o AliExpress.

“Essa integração logística vai acelerar vendas de produtos do AliExpress no próprio Magalu, reduzindo o prazo de entrega e o custo de entrega. Além disso, irá permitir o in-store-pick-up [retirada na loja] nas mais de 1.200 lojas do Magalu pelo Brasil inteiro”.