Comprar ou vender?

Magazine Luiza (MGLU3): Gestoras hesitam em comprar ação; “Precisa entregar mais”, sustentam

19 ago 2022, 18:26 - atualizado em 20 ago 2022, 1:56
Magalupay Magazine Luiza
Magazine Luiza: Comprar ou vender?(Imagem: Divulgação/Magazine Luiza)

O Magazine Luiza (MGLU3) disparou 77% da sua mínima no ano, atingida em 4 de julho, até a sessão desta sexta-feira.

Nesse intervalo de pouco menos de dois meses, a empresa divulgou seus números do segundo trimestre e viu o Banco Central sinalizar que o ciclo da alta de juros pode estar perto do fim.

Isso bastou para o papel, que vinha sendo castigado desde julho de 2021, subir como se não houvesse amanhã. Porém, gestoras que conversaram com o Money Times não veem a alta como sustentável e preferem “esperar para ver” antes de comprar Magalu.

Esse é o caso da Neo Investimentos. Cassio Lucin, analista de varejo da gestora, diz que esse não é o melhor momento de entrar no papel.

Para ele, há alguns indicativos de que a empresa pode ter uma melhora no segundo semestre, sustentada por eventos como Black Friday e Copa do Mundo, que, inclusive, foram citados pelos executivos na teleconferência de resultados. Contudo, a situação macro ainda é muito difícil, observa.

Eu gostaria de ver um pouco mais de evidências, principalmente no macro e, obviamente, em como isso vai se refletir no resultado da empresa, dada a característica do nosso fundo que é mais de longo prazo”, destaca.

Ele lembra que a empresa possui uma exposição grande em eletrodoméstico e eletroeletrônicos e uma concorrência maior ainda.

“Já tivemos a ação no passado, mas hoje não temos. O Magalu precisa entregar para eu ter evidências de colocar no meu modelo e falar: realmente, os caras viraram a página, as coisas estão começando a caminhar, o cenário macro está melhor. Hoje, eu não tenho essas evidência. Eu não sou comprador de Magalu”, discorre.

A visão é parecida com Lucas Ribeiro, da Kínitro. Em sua opinião, os papéis do Magazine Luiza subiram em decorrência do macro e vão depender dele para se sustentar, o que pode ser arriscado.

“Se os dados da inflação vierem mais comportados, se você não aumentar a expectativa que o mercado tem sobre a curva dos juros, vai continuar um ambiente um pouco mais propenso ao risco as empresas como Magazine Luiza“, argumenta.

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Mercado Livre promete acirrar disputado no e-commerce (Imagem: Shutterstock/casa.da.photo)

Concorrência acirrada do Mercado Livre

Contudo, o principal ponto para Ribeiro não ter a empresa na carteira é a concorrência acirrada. Segundo ele, em outro países, o e-commerce é dominado por, no máximo, duas empresas.

“Quando você olha mercado de e-commerce brasileiro, ele tem uma perspectiva muito boa, talvez o que tenha maior crescimento a apresentar no mundo porque a penetração no Brasil é baixa. Porém,  você tem muitos players disputando esse mercado”, coloca.

Para Ribeiro, nos últimos tempos, a competição, que era de igual para igual para outros players, está ficando mais assimétrica.

“O Mercado Livre tem um desempenho mais robusto e, com isso, tem conseguindo uma capacidade de investimento que, na margem, tem ficado cada vez maior”, observa.

Ele lembra que a empresa tem um plano agressivo de investir R$ 17 bilhões no Brasil, quase o valor de mercado da Americanas (AMER3).

Mesmo assim, ele diz que não investe no setor de e-commerce por avaliar que, neste momento, é difícil apontar quem será o vencedor, mas que se tivesse que investir em algum papel, seria no Mercado Livre.

“Estruturalmente falando, nós sempre tivemos receios com e-commerce brasileiro porque nessa competição ferranha por espaço, você tem um ambiente muito agressivo, competitivo”, completa.

Essa posição foi sustentada por Sara Delfim, da Dahlia Capital, com R$ 7 bilhões sob gestão, que contou porque se desfez da posição da empresa nos últimos meses no podcast Market Makers.

“Não foi pelo Magazine Luiza, foi pelo setor. Tínhamos inflação subindo e o Banco Central aumentando os juros em um setor que é muito competitivo. Enquanto nos Estados Unidos você tem a Amazon, aqui no Brasil tem Magazine LuizaVia (VIIA3), Americanas (AMER3), ShoppeAmazon. São cinco caras que podem brigar pelo pedaço da pizza. Vimos o setor macro se deteriorando, com muita competição”, coloca.

Ela lembra ainda que as empresas tiveram um “aumento brutal” de estoque de produtos entre o terceiro e quarto trimestre.

“Ou seja, as companhias entraram em um ano difícil com muito estoque. A única maneira de vender é com promoção. Nisso, você perde dinheiro. Tinha histórias mais claras na Bolsa, com maior potencial de crescimento. E a aí fizemos trocas”, diz.

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