Magazine Luiza (MGLU3) está nas mínimas do ano; entenda o que abala a ação e veja recomendações
Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) tropeçaram novamente nesta quarta-feira (27). Esta foi, inclusive, a sétima sessão sem uma alta da varejista na Bolsa, que, como outras ações de consumo, têm sentido o efeito das últimas decisões dos bancos centrais em relação aos juros.
Com a baixa de 2,86% hoje, a ação da companhia fica mais perto de tocar os R$ 2. Atualmente, é cotada a R$ 2,04, menor patamar em 2023.
Na semana passada, o Federal Reserve (Fed) decidiu por pausar o ciclo de aperto monetário nos EUA na faixa dos 5,25-5,50%. Enquanto isso, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. Ambas as decisões eram amplamente esperadas por agentes financeiros.
O que pegou os mercados de surpresa foi o tom mais duro dos comunicados, que acabou jogando um balde de água fria em quem esperava sinalizações mais positivas quanto à política contracionista americana e ao ritmo de flexibilização dos juros no Brasil.
Nos EUA, especialmente, o banco central deu a entender que os juros permanecerão em níveis elevados por um período de tempo mais longo.
No Brasil, a ata da última reunião do Copom, divulgada nesta semana, reforçou a postura das autoridades quanto ao ritmo de corte dos juros no país. O Copom não parece que irá acelerar o ritmo de flexibilização da taxa Selic, minguando as expectativas dos mais otimistas, na expectativa por um recuo de 0,75 ponto percentual.
Tudo isso acabou gerando estresse na curva de juros, o que afeta diretamente as ações mais sensíveis a essas variações (no caso, o varejo).
Além do cenário macro
Outro revés, além do cenário macroeconômico, é a entrega de resultados fracos no primeiro semestre do ano.
Em relatório recente, o BB Investimentos destaca que o Magazine Luiza entregou no segundo trimestre números aquém das estimativas por ocasião de despesas não recorrentes pressionando a rentabilidade.
O BB listou quatro riscos na tese de investimento da companhia:
- investimentos em aquisição de cliente e no desenvolvimento da omnicanalidade inferiores ao esperado;
- incapacidade de atrair e reter os melhores sellers na sua plataforma de marketplace;
- incapacidade de escalar e rentabilizar a solução financeira oferecida aos seus clientes (MagaluPay); e
- incremento das provisões com devedores duvidosos acima do esperado.
Mesmo enfrentando um momento desafiador, o Magazine Luiza tem realizado esforços para otimizar suas operações, o que é bem-vindo para o BB.
“Ainda que no curto prazo esse movimento implique em despesas relacionadas ao aprimoramento de estrutura que, combinadas com vendas mais mornas de bens duráveis, pressiona a rentabilidade da companhia, o Magazine Luiza vem buscando equilibrar essa pressão com investimentos no seu marketplace”, diz a casa.
Levando isso em consideração, além do potencial de valorização e da expectativa de gradual melhoria das vendas com a redução da taxa de juros, o BB reafirma sua recomendação de compra. O preço-alvo, no entanto, caiu de R$ 4,20 para R$ 3,70 ao fim de 2024.
Enquanto isso, o Magazine Luiza deixou de ser recomendação da Empiricus Research neste mês. A exclusão na carteira recomendada de ações ocorre após três meses presente no portfólio.
Ao Giro do Mercado, o analista Fernando Ferrer explica que a saída de Magazine Luiza se deu por conta de um contexto competitivo ainda desafiador para a companhia. O analista acredita que a recuperação da varejista pode demorar um pouco mais para acontecer, embora entenda que a empresa deve entregar um desempenho melhor daqui para frente.
Porém, dentro de um prazo mais curto, a Empiricus entende que outra varejista pode andar melhor.
- Veja a entrevista completa com Fernando Ferrer e a mudança estratégica na carteira mensal da Empiricus:
Bruna Senne, da Nova Futura Investimentos, afirma que empresas de e-commerce ainda lidam com uma mudança de perfil dos consumidores, influenciada pela pandemia. O impacto maior veio para empresas com forte exposição a lojas físicas (que é o caso do Magalu).
De acordo com Senne, ainda vai demorar para a redução dos juros ter impacto nos resultados das companhias do setor.