Magazine Luiza (MGLU3) entrega margens sólidas; é hora de comprar as ações?
Após enfrentar trimestres de prejuízos e expressivas quedas na Bolsa, o Magazine Luiza (MGLU3) marca no segundo trimestre de 2024 (2T24) o terceiro balanço consecutivo de lucro, superando as estimativas do mercado.
O destaque, no entanto, foram as melhoras nas margens. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 62% na comparação anual, totalizando R$ 711 milhões, com margem de 7,9%, um aumento de 2,8 pontos percentuais (p.p.) em relação ao 2T23.
Os números agradaram os analistas, que destacam a rentabilidade da companhia mesmo em meio a um cenário macroeconômico difícil e desafios para o comércio eletrônico.
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O BB Investimentos destaca que o balanço mostrou relevante crescimento de vendas em mesmas lojas nas estruturas físicas, com alta de 16% aumento de margem bruta em 2,1 p.p. e de margem Ebitda ajustada, além de reverter o prejuízo apresentado no mesmo período do ano passado.
Os analistas comentam que MGLU3 apresenta queda superior a 40% desde o início de 2024, impactada pela manutenção da taxa Selic em patamares elevados e seguindo o movimento de outros papéis mais cíclicos da bolsa.
Neste cenário, avaliam que a companhia continua apresentando bons números, em linha com sua estratégia de foco em rentabilidade e lucratividade.
Somado a isso, a parceria com a AliExpress, o pagamento da dívida de curto prazo, a melhoria na geração de caixa e o cenário macroeconômico que, no geral, está positivo para o setor de consumo, indicam boas perspectivas para o futuro da empresa.
Por esses motivos, o BB mantém o nosso preço-alvo para o final de 2024 em R$ 36,80, potencial de alta de 177%, e recomendação de compra.
O BTG Pactual também indica compra para a ação, sustentada pela perspectiva de que a varejista se beneficie de melhores condições macroeconômicas, de uma abordagem mais racional da taxa de juros e de seu modelo de negócios multicanal para alavancar a operação, enquanto a rentabilidade e o fluxo de caixa deverão ser positivos nos próximos trimestres.
Desde 2022, o banco aponta que, apesar da queda de MGLU3, ainda esperam que ela seja pressionada no curto prazo por um crescimento mais lento do GMV online, dada a sua exposição a categorias altamente cíclicas, como eletrônicos e eletrodomésticos, impacto das altas taxas de juros nos resultados da Luizacred e alto custo de financiamento para desconto de recebíveis, afetando os resultados financeiros e o lucro.
“Mas os últimos três trimestres mostraram sinais encorajadores (principalmente nos dois últimos tópicos), com melhores tendências de lucratividade”
Os analistas da Genial Investimentos comentam que nos últimos 12 meses, o Magazine Luiza não realizou abertura de lojas – por outro lado, a companhia encerrou 39 unidades, o que equivale a 3% do total.
“Ainda que a redução da metragem de vendas impacte negativamente o crescimento do top line, a companhia acelera as vendas desse canal em duplo dígito e emplaca um incrível Same Store Sales (vendas em mesma loja)”.
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A casa destaca que as vendas em lojas físicas estão acontecendo em um mesmo momento em que a carteira de crédito da Luizacred recua 3,6% na base anual e 1,2% na base trimestral.
A Genial permanece com recomendação de compra para os papéis e preço-alvo de 12 meses de R$ 29,60, um potencial de alta de 56% em relação ao fechamento do pregão de quinta-feira (08).
O lado neutro à MGLU3
Já o Itaú BBA destaca que a houve celebração das tendências de faturamento e expansão sólida das margens.
“A melhoria geral na qualidade do crédito e a recuperação gradual do consumo afetaram positivamente as tendências de vendas do B&M (lojas físicas) do Magazine Luiza, aumentando a alavancagem operacional da empresa”.
Em um cenário de aceleração das concessões de crédito, as vendas das lojas físicas deverão sustentar as sólidas tendências de crescimento, pontua o BBA. Por enquanto, os analistas esperam que o foco dos investidores esteja na recuperação das vendas online, que ainda não se concretizou e na continuidade da tendência de melhoria das margens.
Ainda que reconheça o momento de melhora do Magazine Luiza, a casa segue com indicação market perform, equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 15.
O UBS BB, que havia cortado o preço-alvo às vésperas do balanço, aponta que o cenário de lojas físicas foi aprimorado, enquanto há uma perspectiva desafiadora para o comércio eletrônico. Ainda, veem o acordo com o AliExpress podendo impulsionar GMV (volume bruto de mercadorias) mais a frente.
Contudo, o banco vê que as taxas de juro elevadas durante mais tempo deverão pesar sobre a rentabilidade e a
procura dos consumidores.
A recomendação do UBS BB segue neutra, com preço-alvo de R$ 14.
O Bradesco BBI e Ágora Investimentos avaliam os resultados como positivos e vem continuidade da tendência de melhoria.
Para os analistas, os resultados do segundo trimestre de 2024 ajudam a empresa a solidificar seu caminho em direção a um nível de resultado positivo sustentável à frente.
“A consistência continua sendo a chave -estamos ansiosos para ver o quão rápido o GMV/receita da Magalu pode se recuperar enquanto a margem Ebitda melhora e as despesas financeiras diminuem, descomprimindo gradualmente o EBT”.
No entanto, considerando que as ações do Magalu negociam a 22x o múltiplo P/L esperado para 2025, os analistas preferem o preço-alvo de R$ 17 e uma recomendação neutra.
O que fazer com as ações do Magazine Luiza?
Banco/Corretora | Recomendação |
---|---|
BTG Pactual | Compra |
BB Investimentos | Compra |
Genial Investimentos | Compra |
UBS BB | Neutra |
Bradesco BBI | Neutra |
Itaú BBA | Market Perform |
Selic não deve ser pedra no sapato do Magazine Luiza
O setor varejista é um dos sensíveis à taxa de juros, que impactou o Magazine Luiza em outros trimestres. Neste, a melhora da margem foi a estratégia da varejista para não depender da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic.
“Não queremos mais ser pegos de surpresa com uma agenda do Banco Central que não depende da gente”, afirmou Frederico Trajano na teleconferência realizada nesta sexta-feira (09).
Sendo ele, a companhia não precisa e não depende de uma boa notícia em relação à Selic para ir bem, e as margens elevadas são a razão para isso.