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Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) derrapam sem sinalização do Copom; ações correm risco?

22 jun 2023, 20:05 - atualizado em 22 jun 2023, 20:05
Magazine Luiza, MGLU3, ações
Magazine Luiza cai cerca de 5% nesta quinta-feira (22) ruim para o Ibovespa (Imagem: Magazine Luiza/Reprodução)

A Bolsa não teve muito o que comemorar nesta quinta-feira (22). Após o Banco Central divulgar um comunicado mais duro sobre a trajetória dos juros no Brasil, sem sinalizações de que o tão aguardado corte da Selic ocorrerá em agosto, o mercado reagiu penalizando os ativos mais sensíveis às taxas, como varejo e construção civil.

Magazine Luiza (MGLU3) foi um dos destaques negativos do Ibovespa no pregão ao cair cerca de 5%. Via (VIIA3) não ficou muito atrás, tendo reportado perdas de 4,60%.

Apesar disso, ambas as ações caminham para se recuperar do baque em 2022. Neste ano, a varejista acumula uma valorização de cerca de 30%, enquanto a dona da Casas Bahia e do Ponto tenta se segurar no campo positivo, com leves ganhos de 4%.

Recuperação em risco?

Magazine Luiza e Via aproveitaram bem a onda de otimismo que se instaurou no mercado em relação aos papéis voltados à economia doméstica. A esperança de proximidade da queda dos juros brasileiros tem favorecido ações cíclicas domésticas, que foram fortemente penalizadas no auge do ciclo de aperto monetário local.

É verdade que o comunicado da última reunião do BC mexeu com o sentimento dos investidores, mas, para alguns agentes do mercado, o movimento visto hoje é natural.

De acordo com Vanessa Fiorezzi Lui, economista e operadora de renda variável na WIT Invest, o impacto do comunicado é temporário e o mau humor do mercado não se prolongará.

“Como nossas ações ainda estão muito descontadas, esse impacto não deve pesar muito”, defende.

João Piccioni, analista da Empiricus Research, afirma que o mercado está vivendo uma mudança de direção lenta e que depende da divulgação de indicadores de inflação nos próximos dias.

“A gente vai ter o IPCA de junho, que deve mostrar uma deflação. Em seguida, sai o IPCA-15 de julho, que carrega um peso do IPCA de junho. Muito provavelmente, deve vir para baixo. Isso vai definir o verdadeiro caminho que o Copom deve tomar na próxima reunião de agosto”, diz.

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O fundador da Gava Investimentos, Ricardo Brasil, sinaliza um período de tensão no curto prazo para as ações de Magazine Luiza e Via, mas segue com a perspectiva de que o ciclo de aperto monetário está perto do fim.

A Guide Investimentos e a InvestSmart, credenciada pela XP Investimentos, adotam uma visão parecida. Elas não veem avanços significativos para os varejistas de imediato, mas avaliam que o susto desta quinta não será suficiente para reverter a valorização que as duas ações acumularam ao longo dos últimos meses.

“O valuation dessas ações é muito mais sensível à abertura/fechamento da curva de juros do que à decisão de manutenção/corte da taxa Selic”, explica o analista Lucas Rietjens, da Guide.

Gabriel Mantovani, sales trader da InvestSmart, diz que, com os juros futuros já sendo ajustados e com a perspectiva de estabilidade econômica, o impacto negativo pode não ser tão significativo em um horizonte mais amplo.

“Portanto, embora haja a possibilidade de uma correção nos preços no curto prazo, é possível que os papéis se recuperem ao longo do tempo, levando em conta as condições futuras dos juros e a estabilidade do mercado”, aponta o especialista.

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Ações cíclicas domésticas na carteira

O interesse por ações cíclicas domésticas não está ameaçado. É um movimento que já está acontecendo e não deve mudar por conta do comunicado do Banco Central, avalia a Empiricus.

Na avaliação de Piccioni, investidores ainda vão continuar colocando dinheiro nas ações cíclicas domésticas. O analista cita como exemplo a onda de ofertas subsequentes de ações (follow-on, em inglês) pela qual o mercado está passando agora.

“Isso, de certa forma, sinaliza que tem apetite do investidor para fazer essa alocação em cíclicas domésticas”, diz.

Magazine Luiza segue como a preferência entre os varejistas do e-commerce brasileiro. A ação está no radar da Empiricus por ter se provado capaz de passar por momentos difíceis antigamente.

“Acho que tem tudo para repetir a dose”, afirma Piccioni. Para o analista, a Via, que está com maiores dificuldades operacionais, não terá fôlego para aguentar a competição do mercado.

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