Magazine Luiza (MGLU3) é furada? 7 analistas indicam o que fazer com papel agora
O Magazine Luiza (MGLU3) divulgou o seu balanço com uma surpresa positiva e outra negativa. A primeira foi a volta ao lucro, após seis prejuízos consecutivos no vermelho. Nenhum analista contava com número positivo já neste trimestre (o consenso reunido pela Bloomberg apontava para cifra negativa de R$ 171 milhões).
Porém, a varejista divulgou o desfecho da investigação de uma denúncia anônima feita ainda em março sobre o pagamento de bônus irregulares.
Apesar de classificar as denúncias como improcedentes, o Magazine constatou que erros ocorreram em lançamentos relacionadas ao período de competência do reconhecimento contábil de bonificações em determinadas transações comerciais.
Isso ajudou a diminuir o prejuízo de trimestres passados. O buraco do terceiro trimestre de 2022, por exemplo, foi a R$ 190,9 milhões, de R$ 166,8 milhões apresentado anteriormente.
Não fosse isso, muitos analistas estariam mais confiantes com o papel. De sete casas consultadas pelo Money Times, duas rebaixaram a recomendação de compra para neutro, citando o fato como justificativa. BB Investimentos e Genial dizem que a ação fica ainda mais arriscada com as incertezas na governança corporativa.
Apesar disso, o Magazine tratou de colocar panos quentes na história. Em teleconferência realizada nesta terça, a empresa diz que todos os ajustes nas finanças da companhia já foram feitos durante o trimestre, e portanto não deverá haver necessidade de ajustes adicionais, com a investigação já concluída.
Ademais, a empresa adotou práticas adicionais de compliance para evitar riscos de outros erros contábeis. O papel, que iniciou o dia com tombo de mais de 10%, conseguiu virar para alta, se aproveitando da mudança de humor dos mercados. O Ibovespa disparou mais de 2% e renovou máximas do ano.
- A queridinha está de volta ao jogo? Magazine Luiza volta ao lucro no 3º trimestre, mas será que já é hora de ficar animado? Confira o que fazer com as ações da varejista no Giro do Mercado desta terça-feira (14), é só clicar aqui:
Magazine Luiza de volta ao lucro, mas só isso basta?
É verdade que o Magazine voltou ao lucro, mas isso decorreu de efeitos não recorrentes de créditos tributários. Sem isso, o prejuízo seria de R$ 143 milhões. De acordo com analistas, a empresa divulgou números mistos, com destaque para o forte crescimento do marketplace, que subiu 24%.
A XP destaca que o GMV (volume de mercadorias, importante métrica para o e-commerce) cresceu 5%, impulsionando novamente pelo marketplace (3P) ao passo que o 1P (mercadorias próprias) e o varejo físico continuam pressionados por um cenário macroeconômico desafiador, levando a uma receita líquida em queda de 2,6%.
“A margem bruta, por sua vez, foi um destaque positivo, com um aumento de 2,9 pontos percentuais, impulsionado pelo 3P, passo que a margem de publicidade também aumentou (+1 p.p), uma vez que a empresa conseguiu repassar o imposto Difal (diferença entre as alíquotas interna e interestadual) nos preços”, coloca.
Para a Genial, o resultado se consolidou bem acima das expectativas (e também superior ao consenso do mercado), com o marketplace dando um boost na margem bruta da companhia.
“Sem dúvidas, em termos trimestrais, este foi um resultado forte para a companhia. Em nossas análises sempre pontuamos o fato de que Magalu girava com uma margem muito inferior em relação ao seu principal concorrente, Casas Bahia (BHIA3) – que em ‘tempos áureos’ mantinha uma rentabilidade acima de 30,0%”, coloca.
Nos últimos trimestres, destaca a corretora, enquanto o concorrente vem enfrentando uma pesada reestruturação, com saldão de estoques e forte queda de rentabilidade, Magazine Luiza caminha na direção contrária: capturando crescimento no marketplace e trazendo rentabilidade para dentro do grupo.
“A maior surpresa positiva veio em relação à rentabilidade bruta da companhia. Não foi a dinâmica que surpreendeu, mas sim a intensidade. Projetávamos um repasse ainda gradual do Difal (em linha com o reportado), mas com menores ganhos relativos ao marketplace. A companhia consolidou uma margem bruta em 165 bps (pontos-base) acima de nossa estimativa, que já era maior que a esperada pelo mercado”, justifica.
Já o BTG classificou os números como ‘suaves’ em meio a um cenário difícil para o comércio eletrônico, pressões inflacionárias, altos custos de financiamento e menor demanda por eletrônicos e eletrodomésticos
“Os resultados do terceiro trimestre mostraram uma tendência de melhoria da lucratividade para a empresa, que esperamos persistir no quarto trimestre, mas o GMV e as vendas de B&M continuam em dificuldades”, argumenta.
O Santander diz que o Magazine Luiza reportou resultados que, embora fracos, como antecipado, incluíram alguns aspectos positivos, como uma margem bruta impulsionada por seu mercado, vendas encorajadoras no início do quarto trimestre e tendências de margem.
“Apesar do Ebitda estável e da melhora nas despesas financeiras devido à queda nas taxas de juros, a empresa ainda reportou um prejuízo líquido de R$ 143 milhões, que foi melhor do que nossa previsão de R$ 193 milhões e consenso de R$ 166 milhões”, destaca.
O Safra argumenta que a queima de caixa continua sendo uma preocupação. O Magalu apresentou aumento em sua posição de dívida líquida em R$ 258 milhões, com investimento de R$ 134 milhões no trimestre.
“Comparado ao ano passado, o aumento da dívida líquida totalizou R$ 1,2 bilhão mesmo considerando o negócio com Cardiff, que teve um impacto positivo de R$ 836 milhões”, nota.
Por fim, o BB Investimentos pontua que do lado positivo, há crescimento das vendas no marketplace, incremento da margem bruta permitindo anular a perda de alavancagem operacional e fluxo de caixa livre robusto.
“Do lado negativo, tivemos mais um trimestre de prejuízo com vendas fracas tanto nas lojas físicas quanto no on-line com estoque próprio (1P)”, completa.
O que fazer com o papel do Magazine?
Para o BB, apesar do avanço em alguns indicadores da operação da companhia, o reconhecimento de inconsistências contábeis neste trimestre adicionou maior risco à tese de investimento, a ser incorporado no modelo de avaliação nos próximos dias. “Por essa razão, colocamos nosso preço-alvo para o final de 2024 em revisão”.
O BTG, por outro lado, sinaliza que o Magazine Luiza deverá se beneficiar da abordagem mais racional da taxa de juro e do seu modelo de negócio multicanal para alavancar a operação do mercado, juntamente com cortes nas taxas de juro no Brasil. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 6, o que abre potencial de alta de 246%.
Já o Santander assinala que embora reconheça o esforço da empresa para “limpar” os resultados anteriores desses erros e apresentar uma ficha limpa a partir do terceiro trimestre, será um desafio para o mercado ignorar a questão do erro contábil.
A Genial destaca que apesar de acreditar no potencial de crescimento da empresa, o Magalu possivelmente enfrentará pressões de curto prazo devido à alta alavancagem (R$ 3 bilhões em dívidas a vencer no curto prazo) somada às possíveis repercussões de inconsistências contábeis divulgadas no comunicado relevante.
“Até ela endereçar essas duas questões, manteremos a recomendação neutra para a companhia”, completa.
Veja as recomendações
Corretora | Recomendação | Preço-alvo | Potencial* |
---|---|---|---|
Genial | Neutra | R$ 2,10 | 21% |
Safra | Neutra | R$ 3,4 | 97% |
BTG | Compra | R$ 6,00 | 246,8% |
XP | Neutra | R$ 2,5 | 58% |
Goldman | Neutra | R$ 2.8 | 61.80% |
BB Investimentos | Em revisão | – | – |
Santander | Neutra | R$ 4,30 | 172% |
* com base no fechamento do dia 13