Comprar ou vender?

Magazine Luiza (MGLU3) é furada? 7 analistas indicam o que fazer com papel agora

14 nov 2023, 18:04 - atualizado em 14 nov 2023, 22:24
Magazine Luiza
Magazine Luiza divulgou os resultados com visões mistas; erro contábil coloca ainda mais incerteza no papel (Imagem: Magazine Luiza)

O Magazine Luiza (MGLU3) divulgou o seu balanço com uma surpresa positiva e outra negativa. A primeira foi a volta ao lucro, após seis prejuízos consecutivos no vermelho. Nenhum analista contava com número positivo já neste trimestre (o consenso reunido pela Bloomberg apontava para cifra negativa de R$ 171 milhões).

Porém, a varejista divulgou o desfecho da investigação de uma denúncia anônima feita ainda em março sobre o pagamento de bônus irregulares.

Apesar de classificar as denúncias como improcedentes, o Magazine constatou que erros ocorreram em lançamentos relacionadas ao período de competência do reconhecimento contábil de bonificações em determinadas transações comerciais.

Isso ajudou a diminuir o prejuízo de trimestres passados. O buraco do terceiro trimestre de 2022, por exemplo, foi a R$ 190,9 milhões, de R$ 166,8 milhões apresentado anteriormente.

Não fosse isso, muitos analistas estariam mais confiantes com o papel. De sete casas consultadas pelo Money Times, duas rebaixaram a recomendação de compra para neutro, citando o fato como justificativa. BB Investimentos e Genial dizem que a ação fica ainda mais arriscada com as incertezas na governança corporativa.

Apesar disso, o Magazine tratou de colocar panos quentes na história. Em teleconferência realizada nesta terça, a empresa diz que todos os ajustes nas finanças da companhia já foram feitos durante o trimestre, e portanto não deverá haver necessidade de ajustes adicionais, com a investigação já concluída.

Ademais, a empresa adotou práticas adicionais de compliance para evitar riscos de outros erros contábeis. O papel, que iniciou o dia com tombo de mais de 10%, conseguiu virar para alta, se aproveitando da mudança de humor dos mercados. O Ibovespa disparou mais de 2% e renovou máximas do ano.

  • A queridinha está de volta ao jogo? Magazine Luiza volta ao lucro no 3º trimestre, mas será que já é hora de ficar animado? Confira o que fazer com as ações da varejista no Giro do Mercado desta terça-feira (14), é só clicar aqui:

Magazine Luiza de volta ao lucro, mas só isso basta?

É verdade que o Magazine voltou ao lucro, mas isso decorreu de efeitos não recorrentes de créditos tributários. Sem isso, o prejuízo seria de R$ 143 milhões. De acordo com analistas, a empresa divulgou números mistos, com destaque para o forte crescimento do marketplace, que subiu 24%.

A XP destaca que o GMV (volume de mercadorias, importante métrica para o e-commerce) cresceu 5%, impulsionando novamente pelo marketplace (3P) ao passo que o 1P (mercadorias próprias) e o varejo físico continuam pressionados por um cenário macroeconômico desafiador, levando a uma receita líquida em queda de 2,6%.

“A margem bruta, por sua vez, foi um destaque positivo, com um aumento de 2,9 pontos percentuais, impulsionado pelo 3P, passo que a margem de publicidade também aumentou (+1 p.p), uma vez que a empresa conseguiu repassar o imposto Difal (diferença entre as alíquotas interna e interestadual) nos preços”, coloca.

Para a Genial, o resultado se consolidou bem acima das expectativas (e também superior ao consenso do mercado), com o marketplace dando um boost na margem bruta da companhia.

“Sem dúvidas, em termos trimestrais, este foi um resultado forte para a companhia. Em nossas análises sempre pontuamos o fato de que Magalu girava com uma margem muito inferior em relação ao seu principal concorrente, Casas Bahia (BHIA3) – que em ‘tempos áureos’ mantinha uma rentabilidade acima de 30,0%”, coloca.

Nos últimos trimestres, destaca a corretora, enquanto o concorrente vem enfrentando uma pesada reestruturação, com saldão de estoques e forte queda de rentabilidade, Magazine Luiza caminha na direção contrária: capturando crescimento no marketplace e trazendo rentabilidade para dentro do grupo.

“A maior surpresa positiva veio em relação à rentabilidade bruta da companhia. Não foi a dinâmica que surpreendeu, mas sim a intensidade. Projetávamos um repasse ainda gradual do Difal (em linha com o reportado), mas com menores ganhos relativos ao marketplace. A companhia consolidou uma margem bruta em 165 bps (pontos-base) acima de nossa estimativa, que já era maior que a esperada pelo mercado”, justifica.

Já o BTG classificou os números como ‘suaves’ em meio a um cenário difícil para o comércio eletrônico, pressões inflacionárias, altos custos de financiamento e menor demanda por eletrônicos e eletrodomésticos

“Os resultados do terceiro trimestre mostraram uma tendência de melhoria da lucratividade para a empresa, que esperamos persistir no quarto trimestre, mas o GMV e as vendas de B&M continuam em dificuldades”, argumenta.

O Santander diz que o Magazine Luiza reportou resultados que, embora fracos, como antecipado, incluíram alguns aspectos positivos, como uma margem bruta impulsionada por seu mercado, vendas encorajadoras no início do quarto trimestre e tendências de margem.

“Apesar do Ebitda estável e da melhora nas despesas financeiras devido à queda nas taxas de juros, a empresa ainda reportou um prejuízo líquido de R$ 143 milhões, que foi melhor do que nossa previsão de R$ 193 milhões e consenso de R$ 166 milhões”, destaca.

O Safra argumenta que a queima de caixa continua sendo uma preocupação. O Magalu apresentou aumento em sua posição de dívida líquida em R$ 258 milhões, com investimento de R$ 134 milhões no trimestre.

“Comparado ao ano passado, o aumento da dívida líquida totalizou R$ 1,2 bilhão mesmo considerando o negócio com Cardiff, que teve um impacto positivo de R$ 836 milhões”, nota.

Por fim, o BB Investimentos pontua que do lado positivo, há crescimento das vendas no marketplace, incremento da margem bruta permitindo anular a perda de alavancagem operacional e fluxo de caixa livre robusto.

“Do lado negativo, tivemos mais um trimestre de prejuízo com vendas fracas tanto nas lojas físicas quanto no on-line com estoque próprio (1P)”, completa.

Magazine Luiza
A Genial destaca que apesar de acredite no potencial de crescimento da empresa, o Magalu possivelmente enfrentará pressões de curto prazo (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

O que fazer com o papel do Magazine?

Para o BB, apesar do avanço em alguns indicadores da operação da companhia, o reconhecimento de inconsistências contábeis neste trimestre adicionou maior risco à tese de investimento, a ser incorporado no modelo de avaliação nos próximos dias. “Por essa razão, colocamos nosso preço-alvo para o final de 2024 em revisão”.

O BTG, por outro lado, sinaliza que o Magazine Luiza deverá se beneficiar da abordagem mais racional da taxa de juro e do seu modelo de negócio multicanal para alavancar a operação do mercado, juntamente com cortes nas taxas de juro no Brasil. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 6, o que abre potencial de alta de 246%.

Já o Santander assinala que embora reconheça o esforço da empresa para “limpar” os resultados anteriores desses erros e apresentar uma ficha limpa a partir do terceiro trimestre, será um desafio para o mercado ignorar a questão do erro contábil.

A Genial destaca que apesar de acreditar no potencial de crescimento da empresa, o Magalu possivelmente enfrentará pressões de curto prazo devido à alta alavancagem (R$ 3 bilhões em dívidas a vencer no curto prazo) somada às possíveis repercussões de inconsistências contábeis divulgadas no comunicado relevante.

“Até ela endereçar essas duas questões, manteremos a recomendação neutra para a companhia”, completa.

Veja as recomendações

Corretora Recomendação Preço-alvo Potencial*
Genial Neutra R$ 2,10 21%
Safra Neutra R$ 3,4 97%
BTG Compra R$ 6,00 246,8%
XP Neutra R$ 2,5 58%
Goldman Neutra R$ 2.8 61.80%
BB Investimentos Em revisão
Santander Neutra R$ 4,30 172%

* com base no fechamento do dia 13

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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