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Magazine Luiza (MGLU3) dispara 18% após 4T24; veja o que fazer com as ações, segundo 4 analistas

14 mar 2025, 12:01 - atualizado em 14 mar 2025, 18:05
magazine luiza
As ações do Magazine Luiza avançam em reação ao balanço do quarto trimestre de 2024 (Imagem: Money Times/Renan Dantas)

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) estão em disparada no pregão desta sexta-feira (14), em reação ao balanço do quarto trimestre de 2024. A varejista reportou lucro líquido ajustado de R$ 139 milhões no período de outubro a dezembro. O número representa um avanço de 37% na comparação anual.

As ações da companhia terminaram a sessão com alta de 13,48%, a R$ 9,60. Na máxima do dia, MGLU3 chegou a disparar 18,79%, a R$ 10,05. Acompanhe o tempo real.



Analistas apontam que o trimestre foi misto, com destaque positivo para o aumento da lucratividade, no entanto, com desaceleração das vendas.

Para o BTG Pactual, a receita líquida foi fraca na divisão de e-commerce, o que foi parcialmente compensado pelas melhorias nas operações de lojas físicas. Gabriel Disselli e equipe, que assinam o relatório do banco, apontam que o foco na rentabilidade deve persistir nos próximos trimestres em meio a um cenário macroeconômico desafiador.

Apesar da queda das ações do Magalu nos últimos anos, os analistas esperam que ela seja pressionada por:

  • Crescimento mais lento do GMV (volume bruto de mercadoria) online, dada sua exposição a categorias altamente cíclicas, como eletrônicos e eletrodomésticos, e uma perspectiva de concorrência acirrada no canal online;
  • Impacto das altas taxas de juros nos resultados da Luizacred; e
  • Alto custo de financiamento para desconto de recebíveis, afetando os resultados financeiros e o lucro líquido.

“Reconhecemos que as taxas de juros mais altas nos próximos trimestres devem pressionar o lucro líquido da empresa, mas os últimos trimestres mostraram tendências melhores de lucratividade (e geração de caixa), sustentando nossa recomendação de compra“, dizem.

Para Pedro Pinto, do Bradesco BBI e Flávia Meirelles, da Ágora Investimentos, os números reportados foram neutros ante as expectativas. Para os analistas, o 4T24 não justifica nenhuma revisão importante de estimativas para a varejista.

“Olhando para o futuro, será importante monitorar o motivo e/ou a potencial continuidade da desaceleração das vendas vista no 3T24 e especialmente no 4T24, à medida que nos dirigimos para um ano de taxas de juros mais altas e isso pode levantar preocupações entre os investidores”, ponderam.

Neste contexto, os analistas avaliam que a dívida líquida melhorada no trimestre e no comparativo anual é apreciada na margem, uma vez que o consenso de mercado espera que a taxa Selic média de 2025 seja cerca de 4 pontos percentuais maior que em 2024 e as despesas financeiras têm sido um dos maiores obstáculos aos lucros e fluxo de caixa da Magalu.

Na avaliação do Goldman Sachs, o Magazine Luiza apresentou mais um conjunto de melhorias nos resultados deste trimestre, ainda que ligeiramente abaixo das expectativas devido ao crescimento da receita líquida abaixo do esperado.

Os analistas colocam que a geração de caixa continuou a melhorar, auxiliada por uma tendência saudável de capital de giro.

O Goldman mantém sua recomendação neutra para o Magazine Luiza.

Para a Genial Investimentos, de longe a margem bruta foi o maior decepção do resultado. Com o repasse do DIFAL presente em bases comparáveis, os analistas Iago Souza e Nina Mirazon colocam que uma maior reação desta linha depende de uma “re-aceleração” nas vendas de lojas físicas e reação de crescimento de vendas no marketplace.

As implicações que uma desaceleração de lojas físicas possa trazer para a alavancagem do grupo ao longo de 2025 acenderam sinal de preocupação nos analistas. Apesar de ainda crescer acima da inflação, a Genial observa que o canal físico vem desacelerando desde o terceiro trimestre, sendo que o freio foi mais brusco no quarto trimestre.

Uma desaceleração ainda maior da receita poderia minar a margem operacional da companhia e tornar o cenário difícil para continuar elevando o lucro operacional da companhia.

“Com uma Selic a 14,25% ao ano, é imprescindível que Magalu mantenha a sua margem próxima de 8,0% para se manter na trajetória de gerar lucro e desalavancar gradualmente”, dizem os analistas.

Dado o cenário pouco otimista para o setor discricionário no segundo semestre de 2025, a Genial rebaixou recomendação para manter, com um preço-alvo de R$ 10,00 — o que implica em um potencial alta de 18% em relação ao último fechamento.

Para o JP Morgan, os resultados da companhia foram fracos.

A equipe de analistas liderada por Joseph Giordano pondera que a melhora da lucratividade já era esperada, no entanto, as tendências de receita foram menores do que o previsto, com crescimento abaixo da média em relação a seus pares.

A classificação do JP Morgan para o Magalu permanece underweight, equivalente à venda.

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O que fazer com MGLU3?

Banco/Corretora Recomendação
BTG Pactual Compra
Goldman Sachs Neutro
Genial Investimentos Manter
JP Morgan Venda

4T24 do Magazine Luiza

No ano de 2024, em sua totalidade, a varejista teve lucro ajustado de R$ 276,7 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 550,1 milhões acumulado em 2023.

Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do quarto trimestre de 2024 atingiu R$ 846,2 milhões, um avanço de 11,9% na comparação anual. A margem Ebitda foi de 7,8%, um aumento de 0,6 ponto percentual em comparação ao mesmo período de 2023.

receita líquida da companhia foi de R$ 10,7 bilhões no quarto trimestre de 2024, um avanço de 2,3% na comparação anual.

As vendas totais, que incluem vendas nas lojas físicas, e-commerce tradicional (1P) e marketplace (3P), foram de R$ 18,4 bilhões no último trimestre de 2024. Em 2024, as vendas totais atingiram R$ 65 bilhões, apresentando um crescimento de 4% comparado a 2023.

geração de caixa operacional no quarto trimestre de 2024 chegou a R$ 2,1 bilhões, 36% maior que o registrado no ano anterior. Em 2024, essa geração de caixa atingiu R$ 3,1 bilhões.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.