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‘Magazine Luiza (MGLU3) de 2016 está finalmente de volta?’, questiona analista; potencial de alta ultrapassa 80%

08 nov 2024, 13:16 - atualizado em 08 nov 2024, 18:51
Magazine Luiza
(Imagem: iStock/Leonidas Santana)

O Magazine Luiza (MGLU3) bateu o mercado e dá mais um passo rumo a sua jornada de recuperação que começou nos últimos trimestres. A companhia precisou parar, respirar e arrumar a casa, após ser engolida pela disparada histórica da Selic, que saiu de 2% para 13% em um ano.

Apesar da perspectiva de um novo ciclo de aperto monetário, que alguns economistas veem acima dos 13%, a varejista está confiante de que está mais preparada e ‘à prova’ de Selic’. No terceiro trimestre, lucrou R$ 70 milhões, quase o dobro do esperado pelos analistas (R$ 38 milhões).

A cifra foi suficiente para animar o mercado. A ação ignorou o tombo do Ibovespa. MGLU3 terminou a sessão com alta de 2,35%, a R$ 9,60 a ação.



Entre os destaques, a rentabilidade. A margem bruta aumentou  1,1 ponto percentual, para 31,5%, atingindo o maior nível em sete anos, depois que a empresa conseguiu repassar totalmente o imposto Difal.

Enquanto isso, a margem Ebitda ajustada aumentou em 2,3 pontos percentuais, devido à alavancagem operacional e aos melhores resultados da LuizaCred (lucro líquido de R$ 66 milhões).

Em relatório, a XP cita quatro pontos:

  • a parceria com o AliExpress já está operando plenamente;
  • o Fulfillment (processos que se dá entre o momento em que o cliente realiza um pedido até a entrega) respondeu por 24% dos pedidos do marketplace, com a diretoria notando que ele dobra as taxas de conversão;
  • a carteira de crédito acelerou ligeiramente t/t, com as taxas Over-90 também melhorando;
  • a empresa lançou o CDC digital em agosto.

No entanto, diz o Safra, o destaque positivo do trimestre foi a geração de fluxo de caixa de R$ 960 milhões (últimos 12 meses) no trimestre, ante a queima de caixa de R$ 606 milhões nos últimos 12 meses no terceiro trimestre.

Por outro lado, o BTG nota que o Magazine Luiza reportou uma receita líquida fraca em sua divisão de e-commerce,
mas que foi parcialmente compensada por uma tendência de melhora em sua operação de lojas físicas, enquanto a lucratividade foi um destaque, com números operacionais acima das estimativas.

‘Será que o Magazine Luiza de 2016 está finalmente de volta?’

Dentre os analistas, a Genial foi a mais vocal em elogiar o resultado do Magalu. Os analistas Iago Souza e Nina Mirazon classificaram o desempenho como ‘sensacional’.

Eles dizem que a varejista mostrou um trimestre de forte recomposição de margens, superando com folga até as estimativas mais otimistas do mercado com relação ao bottom line, consolidada em R$ 102,4 milhões — “uma cifra quase 4,0x acima de nossa estimativa, que era de R$ 26 milhões”.

Para eles, como já esperado, as lojas físicas foram o grande carro-chefe desse resultado.

“O que mais nos impressiona é o fato de que mesmo com a carteira de crédito recuando 1,2% no ano (atualmente em R$ 19,3 bilhões), ainda assim, vemos o canal físico sustentando um crescimento de duplo dígito, com Same Store Sales de 15,2% , um número quase 7x maior do que o apresentado no mesmo período de 2023”, dizem.

Eles afirmam ainda que já era esperado a explosão de crescimento na margem bruta, dado à fraca base de comparação do ano passado, em 23,6% — impactada pelo início do gradual repasse do Difal na época.

“Com a margem bruta crescendo 7,9 pontos percentuais e uma forte diluição de despesas fixas, Magalu entregou uma margem Ebitda que não era vista desde meados de 2018 e 2019, de 8,0% — tempos áureos de crescimento da empresa. Será que o Magazine Luiza de 2016 está finalmente de volta?”, questionam.

Apesar disso, o marketplace (3P) não agradou os analistas. Após crescimentos de quase 20% entre os anos de 2022 e 2023, a casa vê forte desaceleração no canal, que nesse trimestre quase ficou próximo do zero a zero, a 1,4% no ano.

“Entendemos que a base começa a ficar difícil, contudo, sustentar um crescimento de low single-digit nesse canal não nos deixa satisfeitos, principalmente em um momento em que o Mercado Livre continua a crescer esse canal em mais de 30% no ano, trimestre após trimestre”, afirmam.

Por fim, a dupla chama atenção para forte desalavancagem financeira de Magalu, que saiu de 8x no 3º trimestre de 2023 para 2,5x nesse trimestre.

Vale lembrar que para o cálculo da alavancagem, se utiliza o Ebitda pós-IFRS16 e incluí-se o arrendamento e excluí-se recebíveis à Dívida Líquida. “Esse é o padrão que utilizamos para monitorar todas as empresas de varejo”.

O que fazer com Magalu?

A Genial calcula que o Magalu negocia a 13 vezes o preço sobre lucro para 2023. A recomendação é de compra. Apesar disso, a corretora cortou o preço-alvo de R$ 19,5  para R$ 17 ao encorporar maiores despesas financeiras para os próximos anos, mas que, mesmo assim, representa potencial de 81% em relação ao último fechamento.

O BTG nota que apesar da reintrodução do imposto Difal no início do ano passado (impactando negativamente a margem bruta), o terceiro trimestre continuou a mostrar a tendência de melhoria dos trimestres anteriores (com a empresa repassando o efeito da carga tributária mais alta para os preços).

Desde 2022, o banco tem dito que, apesar da queda da MGLU, ainda se espera que ela seja pressionada por:

  1. crescimento mais lento do GMV (volume bruto de mercadoria) online, dada sua exposição a categorias altamente cíclicas, como eletrônicos e eletrodomésticos;
  2. impacto das altas taxas de juros nos resultados da Luizacred; e
  3. alto custo de financiamento para desconto de recebíveis, afetando os resultados financeiros e o lucro líquido;

“Reconhecemos que as taxas de juros mais altas nos próximos trimestres devem pressionar o lucro líquido da empresa, mas os últimos trimestres mostraram sinais encorajadores com melhores tendências de lucratividade, uma abordagem mais racional para os take rates e seu modelo de negócios multicanal alavancando a operação de marketplace, sustentando nossa recomendação de compra”.

Para o Safra, os resultados reforçam a visão positiva, pois a empresa vem melhorando seu nível de lucratividade, mantendo sua geração de fluxo de caixa.

“Isso é fundamental para desbloquear o valor das ações. Mantemos nossa recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 14,4/ação, potencial de alta de 48%”.

Itaú BBA classifica o resultado como dentro do esperado. “Com a empresa sendo negociada a 12x P/E (preço sobre o lucro) 2025, o que se alinha com a média do setor, optamos por ficar de fora por enquanto”.

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