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Magazine Luiza (MGLU3): Cara ou barata? Fundo do poço? Vai voltar aos R$ 27? Veja 5 respostas para ação

23 ago 2022, 13:32 - atualizado em 29 ago 2022, 13:56
Magazine Luiza
Magazine Luiza: O Money Times respondeu as principais dúvidas que pairam na cabeça do investidor nesse momento (Imagem: Divulgação)

O investidor de Magazine Luiza (MGLU3), uma das ações com maior base de pessoa física da bolsa, não morreu de tédio nesses últimos meses.

Após ver o papel despencar de R$ 27,34, quando atingiu sua máxima histórica em novembro de 2020, até os R$ 2,13 de julho desde ano, uma queda de 92%, o papel voltou a reagir, com alta de 80%.

Seria esse o fundo do poço ou a ação tem mais espaço para cair?

O Money Times foi atrás de respostas e consultou cinco analistas para entender o movimento por trás da alta da ação e se isso é um sinal de que o pior ficou para trás.

Confira

1 – Por que a ação saltou 80% em dois meses?

No dia 15 de julho, o Copom realizou sua 248º reunião, com alta de 0,75 ponto percentual na Taxa Básica de Juros, a 13,25%. Porém, mais do que elevar a Selic, o Banco Central sinalizou que o ciclo de juros, que começou em 17 de março de 2021, poderia chegar ao fim.

Alguns economistas ainda veem a taxa em 14%, mas é consenso que a inflação está mais controlada, principalmente por conta da queda dos combustíveis, um dos principais vilões da alta de preços.

Isso bastou para empresas que possuem correlação direta com o consumo das famílias, como o Magazine Luiza, dispararem. Esse também foi o caso de outras companhias do setor, como Via (VIIA3) e Americanas (AMER3).

Lucas Ribeiro, da gestora Kínitro, explica que, nesse momento, o que está fazendo preço é o macroeconômico, mais do que micro. Ou seja, os investidores estão olhando muito mais os índices econômicos do que a empresa em si.

Para Vicente Guimarães, da VG Research, a situação econômica mudou nos últimos dois meses, com melhoria nos indicadores de inflação, com dados recentes indicando deflação (inflação negativa) já nos primeiros meses do segundo semestre.

“O mercado que até então não sabia até onde iria a alta dos juros, começou a apostar em quedas de juros nos próximos meses e anos. Com isso os investidores ficaram animados e voltaram sua atenção para as empresas varejistas novamente que estavam realmente muito descontadas”, argumenta.

No gráfico abaixo, elabora pela VG Research, é possível observar o quanto a curva de juros de longo prazo (de 2 até 10 anos) caiu, o que explica em grande parte a disparada das ações.

A linha verde mostra as expectativas medidas há um mês. Naquele momento, as expectativas para a Selic Futura (10 anos) estavam próximas de 13,5%. A expectativa atual (medida pela linha azul) está próxima de 11,8%.

Mas não foi só isso que motivou a alta. Os resultados no segundo trimestre também ajudaram. É verdade que empresa ficou no prejuízo, a R$ 135 milhões, com números piores que o esperado.

Contudo, o simples fato da varejista ter parado de queimar caixa já foi suficiente para fazer a alegria de investidores. O papel saltou 17% e ganhou R$ 3,7 bilhões em valor de mercado.

Cassio Lucin, analista de varejo da gestora Neo Investimentos, diz que não gostou do resultado, com crescimento abaixo do previsto, principalmente na parte de 1P (estoques próprios) e margens ainda pressionadas. 

Porém, o mercado gostou, achou que era um papel que estava amassado. Estava esperando só uma evidência para corroborar com alguma tese de que o negócio pode melhorar para frente”, explica.

2 –  A alta do Magazine Luiza é sustentável?

Na visão de Ribeiro, da Kínitro, tudo dependerá do macroeconômico. Ele ressalta que assim como foi o macro que ajudou a empresa nesses últimos meses, é ele que dará o tom até o final do ano.

“Se os dados da inflação vierem mais comportados, se não aumentar a expectativa que o mercado tem sobre a curva dos juros, continuará um ambiente um pouco mais propenso ao risco”, discorre.

Esse ambiente, segundo ele, é propício para que papéis como Magazine Luiza continuam andando.

Sidney Lima, analista da Top Gain, coloca que o cenário econômico (principalmente local) tem colaborado firmemente com o movimento de alta para todo o setor de consumo.

O último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, mostrou mais uma queda do IPCA, principal termômetro para medir a inflação, em 6,82%. Há um mês, a projeção era de 7,30%.

Para Guimarães, da VG Research, a expectativa (sendo este o cenário mais provável) é que o BC sinalize o fim do ciclo de alta nos juros.

“Assim que isso ocorrer, acreditamos que as ações da Magazine Luiza sejam muito beneficiadas”, completa.

3 – É o fundo do poço?

Na visão de Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, o segundo semestre promete ser melhor.

“Sugere-se que os números vão começar a vir melhores à medida que a empresa consegue se adaptar ao cenário de inflação alta e de uma taxa de juros crescente. Black Friday e Copa do Mundo podem melhorar os números. Se vende mais, tem mais receita e lucros. O investidor gosta desse movimento”, observa.

No entanto, a visão não é unânime. Para Lima, as consequências de aquecimento de vendas em períodos festivos não tendem a sustentar o resultado da empresa.

“Sendo assim, não acredito que Copa do Mundo e Black Friday sejam os salvadores da empresa. O contexto econômico e aquecimento de consumo continuo, além de injeção de dinheiro na economia, tendem a beneficiar muito mais os resultados e consequentemente fazer preço, não somente na ação, mas em todo o setor”, diz.

Lucin, na Neo, também coloca que talvez a varejista tenha um crescimento um pouco melhor no terceiro e quarto, mas nada “de outro mundo”.

“Quando você olha o relativo com outros players, é um crescimento que pode ser um pouco baixo. O Magalu tem uma exposição muito grande a eletrodoméstico e eletroeletrônicos. Você tem uma concorrência muito acirrada”, pontua.

O analista da Kínitro afirma que datas comemorativas ajudam aqui e ali, mas não é o que define.

“Passado essa fase mais comemorativa, a realidade volta à tona. Nós saímos de juros de 2% para 14%. Isso tem impacto, ainda mais porque as famílias consumiram muito os produtos de linha branca na pandemia. Você não vai comprar uma geladeira e fogão todo o ano”, argumenta. 

4 – Pode voltar para os R$ 27?

Difícil. Analistas dizem que hoje o cenário é bem diferente de quando a empresa atingiu esse patamar. Primeiro porque a pandemia jogou os juros em 2%, tirando o investidor da cômoda Renda Fixa.

Segundo porque o Governo despejou R$ 645 bilhões com ações de resposta à pandemia de Covid-19, incluindo gastos com saúde.

“As ações MGLU3 não devem voltar de forma rápida a um nível de preços acima de R$ 20. Lembre-se que teremos eleições em outubro, evento que pode trazer volatilidade, mudança de cenário político e econômico. Esse risco deve ser levado em consideração pelo investidor”, afirma Guimarães, da VG Research.

Cara ou barata?

5 – A ação está cara ou barata?

Eis a resposta que divide analistas. Há os que dizem que a ação está barata, negociada a múltiplos atraentes. É o caso do analista da VG Research.

“Desde a criação da VG Research, ficamos de fora da tese da Magazine Luiza por considerar seu preço caro demais. Mas, ao longo do primeiro semestre deste ano, após uma correção de mais 90% da sua máxima histórica e com a perspectiva de melhores fundamentos à frente, vimos uma oportunidade de investimento na companhia e adicionamos em nossa carteira de Value Investing”, diz.

Já Sidney Lima, analista da Top Gain, explica que do ponto de vista dos parâmetros dos fundamentos da empresa, o papel está caro.

Por outro lado, na ótica de análise técnica, a ação possui um grande upside de valorização, considerando os movimentos contínuos de alta e correção, além do olhar de que teve um movimento forte de queda entre 2021 e 2022.

Entre os gestores, porém, a visão é mais pessimista.

Lucin, da Neo, diz que esse não é o melhor momento de entrar no papel.

“Eu gostaria de ver um pouco mais de evidências, principalmente no macro e, obviamente, em como isso vai se refletir no resultado da empresa, dada a característica do nosso fundo que é mais de longo prazo”, destaca.

Ele lembra que a empresa possui uma exposição grande em eletrodoméstico e eletroeletrônicos e uma concorrência maior ainda.

“Tivemos a ação no passado, mas hoje não temos. Precisamos de mais evidências de melhora”, afirma.

Já o principal ponto para Ribeiro, da Kínitro, não ter a empresa na carteira é a concorrência acirrada. Segundo ele, em outros países, o e-commerce é dominado por, no máximo, duas empresas.

Mesmo assim, ele diz que não investe no setor de e-commerce por avaliar que, agora, é difícil apontar quem será o vencedor, mas que se tivesse que investir em algum papel, seria no Mercado Livre (MELI).

“Estruturalmente falando, nós sempre tivemos receios com e-commerce brasileiro porque nessa competição ferranha por espaço, você tem um ambiente muito agressivo, competitivo”, completa.

Mas para sanar qualquer dúvida, o consenso de mercado é um belo indicativo. Segundo o compilado da Reuters, de 15 analistas, nove tem recomendação de compra para Magazine Luiza, seis de neutralidade e nenhum de venda. O preço-alvo é de R$ 6,29, potencial de alta de 64%.

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