Magazine Luiza: mercado ainda não precificou a área de pagamentos; BTG vê alta de 30% nas ações
A recente queda das ações do Magazine Luiza (MGLU3) diminuiu o entusiasmo de alguns investidores e analistas. A preocupação é que a disputa cada vez mais acirrada do e-commerce possa prejudicar o desempenho da companhia. No ano, os papéis da varejista tombaram 20%.
Mas o BTG Pactual enxerga um outro trunfo da empresa: a área de pagamentos.
Não é de hoje que o Magazine Luiza investe no segmento: o Magalu Pagamento surgiu em 2018, mas era restrito para vendedores. Foi no final de 2019 que a varejista lançou sua carteira eletrônica, o Magalu Pay.
Desde então, a rede vem tratando a área com carinho: em 2020 assinou contrato de aquisição de 100% da Hub Fintech por R$ 290 milhões.
Além de oferecer contas digitais e cartões pré-pagos diretamente ao seus clientes, o Hub é uma das maiores plataformas de Banking as a Service (BaaS) do Brasil.
Mais recentemente, em abril de 2021, o Magazine lançou um cartão de crédito sem taxas de anuidade e reembolso para a conta digital do usuário no MagaluPay.
“Com o objetivo de aumentar as vendas (frequência e engajamento) em sua plataforma por meio da oferta de um mais completo portfólio de serviços (onde os pagamentos são um elemento-chave), o Magazine está criando um ecossistema completo para compradores e vendedores”, apontam os analistas Luiz Guanais e Victor Rogatis.
Segundo o banco, a divisão dos pagamentos adiciona R$ 5 no preço da ação.
Com isso, o BTG elevou o preço-alvo de R$ 23 para R$ 26, o que implica potencial de valorização de 30% em relação ao último fechamento.
“A empresa pavimentou o caminho para se manter em níveis muito mais elevados do que seus pares de varejo”, argumentam.
Na sessão desta segunda-feira (24), os papéis da varejista dispararam 7,93%, a R$ 20.
“Sua verdadeira proposta multicanal e os recentes investimentos para impulsionar o engajamento em sua plataforma deve levar a uma expansão mais forte do GMV (volume bruto de mercadorias) e melhorar a lucratividade ao longo dos próximos anos”, justificam.
Pagamentos, peça fundamental
Para os analistas, os meios de pagamentos são peça-chave no quebra-cabeça do e-commerce.
“Embora o dinheiro não desapareça da noite para o dia, os métodos de pagamento sem dinheiro estão certamente em ascensão. Isso é especialmente verdadeiro para o e-commerce”, dizem.
A pandemia da Covid acelerou esse processo, com mais consumidores mudando para pagamentos eletrônicos.
Além disso, o próprio varejo físico também passará por mudanças: a participação das transações em dinheiro globalmente devem diminuir de 30% para 19% até o final de 2023, enquanto a participação da carteira digital deverá crescer de 22% a 30%, calcula o BTG.
Resta saber como as concorrentes e o próprio Magazine Luiza irão aproveitar essa janela de oportunidades.