Mães esperam ajuda após deixarem trabalho por pandemia nos EUA
Como as mulheres deixaram a força de trabalho em massa nos Estados Unidos, no que alguns economistas consideram ser a primeira recessão feminina, os apelos por mudanças estruturais para apoiá-las estão ficando mais altos.
Desde o início da pandemia, mais de 2 milhões de mulheres abandonaram a força de trabalho. A crise expôs o fardo das mulheres trabalhadoras, mas também ofereceu uma oportunidade para mudanças substantivas, de acordo com Reshma Saujani, fundadora e CEO da Girls Who Code (Meninas que codificam).
“A infraestrutura de creches está quebrada”, disse Saujani na terça-feira na Conferência RE$ET do Aspen Institute com a Bloomberg Economics. “Ninguém pode pagar pelo serviço e isso não é visto como algo de que precisamos em nossa sociedade – e isso tem que mudar.”
Saujani liderou um esforço pedindo ao governo Biden que promulgasse um “Plano Marshall para mães.” Pressiona por pagamentos mensais de curto prazo dependendo das necessidades e recursos e defende políticas como licença familiar remunerada, creches acessíveis e igualdade salarial.
Um grupo de 50 mulheres aderiu publicamente ao esforço em janeiro e na terça-feira o fundador da Craigslist, Craig Newmark, anunciou uma doação de US$ 500.000 para o Girls Who Code em apoio ao plano.
“As mães estão enfrentando o impacto desta pandemia e cabe a todos nós dar um passo à frente e garantir que estamos oferecendo a elas o alívio e a compensação que merecem”, disse Newmark.
“É por isso que estou fazendo um investimento no Plano Marshall para mães para que possamos aumentar a conscientização e apelar aos nossos líderes eleitos para agirem agora.”
As mulheres foram duramente atingidas pela recessão econômica porque foi a primeira liderada pelo setor de serviços, Betsey Stevenson, professora de economia da Universidade de Michigan, disse no evento do Aspen Institute. Isso se compara à crise financeira de 2008, quando muitos dos empregos perdidos foram em indústrias de produção de bens, que são mais dominadas por homens, disse ela.
“Se pensarmos em temas como educação e serviços de saúde, 78% desses empregos são ocupados por mulheres”, disse Stevenson. “E foram atingidos com muita força nesta pandemia.”
Mais de um terço dos pais, a maioria mulheres, ainda não voltaram aos empregos que perderam em grande parte porque não há ninguém para cuidar de seus filhos, de acordo com relatório de dezembro da Fundação da Câmara de Comércio dos EUA.
O pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão de dólares do presidente Joe Biden inclui bilhões de dólares para ajudar a reabrir escolas e fornecer licença adicional paga para os pais, mas pode ser tarde para muitas mulheres que já deixaram o emprego.