Opinião

Maduro e a dieta socialista na Venezuela

16 jan 2017, 11:51 - atualizado em 05 nov 2017, 14:08

Oscar André Frank Junior, autor do blog Economics For Real.

Segundo reportagem do site NPR, aproximadamente 80% dos venezuelanos já perdeu peso por conta do agravamento da crise que atinge o país. É a chamada “dieta do Maduro”.

Quem sofre no curto prazo é a parcela da população mais próxima da miséria. Entretanto, no médio e longo prazos, essa conta chegará para muitos outros cidadãos, em função da queda do número de nutrientes ingeridos a cada refeição. Não é exagero, portanto, afirmarmos que se trata de uma política assassina.

A existência dos supermercados estatais, com preços tabelados pelo governo, favorece ainda mais a existência dos mercados negros. Somente quem espera ao longo de alguns dias nesses estabelecimentos tem acesso às mercadorias. O custo da defasagem, no entanto, é pago pela sociedade como um todo por causa da escalada da inflação, que atingiu 830% em 2016, de acordo com o Banco Central da Venezuela. O PIB, somente no ano passado, caiu 23%.

Aliás, como se sabe, a escalada persistente do nível geral de preços é justamente mais prejudicial aos pobres; essa casta, por definição, destina a maior parte (ou integralidade) de seus recursos em consumo.

Enquanto isso, militares do país traficam comida e outros artigos básicos. Por um lado, o governo paga mais do que o dobro da cotação internacional para que um navio descarregue milho no país, por exemplo. Por outro, recebe pagamentos de propina que atingem, em alguns casos, milhões de dólares.

Tudo isso sem contar a perseguição realizada contra os opositores, órgãos de imprensa e empresários. Aqueles que tiveram a oportunidade já deram o melhor presente para si: fugir do país. Infelizmente, os mais necessitados não podem recorrer a esse expediente.

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