Internacional

Macron quer encontro com Sanofi para discutir oferta de vacina

14 maio 2020, 11:40 - atualizado em 14 maio 2020, 11:40
Sanofi Brasil
Em entrevista nesta semana à Bloomberg News, Hudson disse que o governo dos EUA deve ser o primeiro da fila caso a Sanofi consiga desenvolver uma vacina (Imagem: Facebook/Sanofi Brasil)

A sugestão do diretor-presidente da Sanofi, Paul Hudson, de que os Estados Unidos poderiam receber em primeira mão uma possível vacina contra o coronavírus da farmacêutica francesa provocou indignação na França: o presidente francês Emmanuel Macron indicou que planeja se reunir com representantes da empresa na próxima semana.

Uma vacina contra o Covid-19 deve ser um “bem comum” que se posiciona “fora das regras do mercado”, disse uma autoridade do Palácio do Eliseu na quinta-feira. Macron se sentiu “afetado’ pela notícia, disse a autoridade, que não quis ser identificada.

Em entrevista nesta semana à Bloomberg News, Hudson disse que o governo dos EUA deve ser o primeiro da fila caso a Sanofi consiga desenvolver uma vacina, porque o país foi o primeiro a financiar a pesquisa da empresa francesa, disse.

Os EUA, que ampliaram uma parceria de vacinas com a empresa em fevereiro, esperam “que, se ajudamos a fabricar as doses sob risco, esperamos recebê-las primeiro”, segundo Hudson.

Os comentários de Hudson destacam os conflitos enfrentados por multinacionais e governos na corrida pelo desenvolvimento de uma vacina contra o Covid-19.

Mais de 140 líderes e especialistas mundiais assinaram uma carta aberta divulgada pela UNAIDS e pela Oxfam na quinta-feira, pedindo uma “vacina do povo”, bem como tratamentos que seriam disponibilizados rapidamente a todos gratuitamente.

“Ninguém deve ser empurrado para o final da fila da vacina por causa do lugar onde mora ou do que ganha”, disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

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Prioridades nacionais

Organizações de saúde alertam que a corrida pode deixar de fora países que não podem pagar pelas doses, tornando-os vulneráveis a mortes em massa e estragos econômicos em meio a sinais de que alguns países darão prioridade à própria população.

“Para nós, seria inaceitável que houvesse acesso privilegiado para este ou aquele país sob um pretexto de que seria um pretexto financeiro”, disse a ministra júnior da Economia, Agnès Pannier-Runacher, em entrevista na quinta-feira à Sud Radio.

A produção da vacina da Sanofi nos EUA irá principalmente para esse mercado, enquanto a capacidade em outros lugares cobrirá a Europa e o resto do mundo, disse a empresa em e-mail enviado após reportagem da Bloomberg.

A farmacêutico conduz “conversas muito construtivas” com os governos da França, Alemanha e instituições da União Europeia, afirmou.

A produção da vacina da Sanofi nos EUA irá principalmente para esse mercado, enquanto a capacidade em outros lugares cobrirá a Europa e o resto do mundo (Imagem: Reprodução/Facebook Sanofi)

A ministra Pannier-Runacher disse que imediatamente entrou em contato com a Sanofi após a entrevista de Hudson, e que o responsável local pela empresa havia confirmado que a vacina estaria disponível para todos os países, incluindo a França, principalmente porque a farmacêutica possui capacidade de produção no mercado francês.