Opinião

Maconha está barata na Bolsa dos EUA: já vale a pena dar uma tragada?

26 mar 2019, 19:52 - atualizado em 26 mar 2019, 20:14

Por Haris Anwar do Investing.com

Depois dos enormes ganhos que algumas das principais ações do setor de maconha tiveram nos EUA ao longo do ano passado, será que essas empresas ainda podem subir mais?

Essa é a pergunta que os investidores estão se fazendo depois que os principais players da indústria da maconha anunciaram resultados heterogêneos em seu quarto trimestre, que encerrou o primeiro período completo depois que o Canadá legalizou o uso recreativo da marijuana em outubro, tornando-se o primeiro país desenvolvido a fazer isso.

Francamente, não há uma forma correta de avaliar as ações do setor de maconha, por uma razão muito simples: essas empresas ainda não têm um histórico suficiente para fornecer aos analistas um ponto de partida para suas previsões futuras.

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Seus valuations são previstos com base nos tamanhos estimados dos mercados, no prognóstico de vendas futuras e na onda mundial de legalização tanto do consumo medicinal quanto recreativo da cannabis. Esses cenários podem ou não se concretizar.

Vamos discutir rapidamente o desempenho dos três principais players desse setor no quarto trimestre e ver quanto eles avançaram em suas jornadas de crescimento.

1. Canopy Growth

A Canopy Growth Corp. (NYSE:CGC), maior produtora mundial de marijuanasuperou as expectativas de vendas dos analistas no 4T, mas desapontou nas margens brutas. A companhia divulgou uma receita líquida de C$83 milhões, uma alta de 282% em relação ao ano passado. Seu prejuízo ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização aumentou para C$ 75,1 milhões, contra a expectativa de C$ 45 milhões dos analistas.

As margens brutas ajustadas caíram de 55% para 22% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a produtora enfrentou custos maiores relacionados a subsidiárias de cultivo que não estavam totalmente implementadas, o desenvolvimento de produtos comestíveis e bebidas, além dos preços médios menores para a maconha recreativa em relação à medicinal.

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O diretor financeiro da empresa, Tim (SA:TIMP3) Saunders, disse a analistas em uma teleconferência que a companhia acredita que as margens brutas melhorarão nos próximos trimestres, quando todas as suas instalações de cultivo estiverem em pleno funcionamento.

Novas formas de consumo de cannabis, como produtos comestíveis e bebidas, devem ajudar a impulsionar as margens “acima de 50% nos próximos trimestres”, afirmou Saunders na teleconferência, conforme noticiado pela Bloomberg. As ações da Canopy, que fecharam a US$ 44,23 ontem, disparam mais de 60% neste ano.

2. Aurora Cannabis

A história não foi diferente para a Aurora Cannabis (NYSE:ACB), que também viu suas margens encolherem após o aumento dos custos para desenvolver novos produtos e a queda dos preços. A companhia divulgou um prejuízo líquido de C$238 milhões, enquanto as vendas saltaram 362%, para C$ 54,2 milhões, no 4T.

A Aurora, que capturou cerca de 20% do mercado canadense no trimestre, vê uma grande oportunidade nas vendas medicinais ao redor do mundo. “Se eu perder o sono por alguma coisa, será por causa da nossa capacidade de abastecer o mercado global de cannabis”, declarou Terry Booth, CEO da Aurora, na teleconferência da empresa, conforme relatou a Bloomberg, que disse ainda que serão necessários mais cinco para que a indústria consiga atender a demanda de exportações de maconha de alta qualidade.

A Aurora opera em 21 países com uma forte presença na União Europeia. A companhia anunciou, no início deste mês, que o investidor bilionário Nelson Peltz será assessor estratégico da Aurora.

Peltz, cujo Trian Fund Management LP, sediado em Nova York, possui mais de US$ 10 bilhões sob gestão, assessorará a Aurora sobre “potenciais parcerias com corporações líderes”, afirmou a companhia em um anúncio no dia 13 de março. Negociadas a US$ 9, as ações da Aurora subiram 77% neste ano, principalmente por causa da expectativa de que a companhia encontre um grande parceiro global para concretizar seus planos de expansão.

3. Tilray Inc

A Tilray (NASDAQ:TLRY), um dos principais produtores e cujas ações dispararam 300% em determinado momento do ano passado, revelou um padrão similar quando divulgou seus resultados do 4T na semana passada. Suas vendas trimestrais cresceram de US$ 5,1 milhões, no mesmo período do ano passado, para US$ 15,5 milhões, superando a estimativa consensual de US$ 14,1 milhões.

Mas seu prejuízo aumentou para US$ 31 milhões, ou US$ 0,33 por ação, de US$ 2,9 milhões, ou US$ 0,04 por ação, no período inicial do ano, ficando acima da previsão consensual de US$ 0,14.

Para 2019, a Tilray declarou que sua receita pode triplicar em relação aos US$ 43 milhões registrados no ano passado, especialmente depois que a companhia se posicionou para atender a demanda crescente de CBD derivado de maconha, o primo não intoxicante do THC, através da sua recente aquisição da Manitoba Harvest.

As ações da Tilray, que fecharam o pregão de ontem negociadas a US$ 67,78, caíram mais de 30% desde a máxima de 14 de janeiro, a US$ 106, na medida em que alguns investidores questionaram os valuations expansivos da companhia em comparação com seus concorrentes, que têm vendas maiores.

Resumo

Com base nos resultados divulgados por essas grandes produtoras, fica claro que elas estão no caminho certo para impulsionar suas vendas, mas não conseguem controlar seus custos nos estágios iniciais do seu crescimento explosivo. Mas isso é bastante normal para uma companhia em um ciclo de alto crescimento.

No entanto, investir em ações de marijuana ainda é extremamente arriscado, pois essas companhias, que ainda não mostraram um caminho significativo para a rentabilidade, são as primeiras vítimas quando os investidores reduzem riscos. Continuamos recomendando que os investidores de longo prazo se atenham aos grandes nomes e busquem melhores pontos de entrada se a queda atual dos mercados de ações acelerar.

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