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M. Dias Branco reporta balanço mais fraco, mas é cedo para falar em tendência de queda

09 nov 2020, 16:42 - atualizado em 09 nov 2020, 17:07
M. Dias Branco
Para o BTG Pactual, a elevação dos volumes de vendas, que cresceram 31% no ano, para R$ 2 bilhões, não foi suficiente para compensar o Ebitda ajustado de R$ 205 milhões (Imagem: YouTube/M. Dias Branco)

Mesmo reportando um lucro de R$ 265,4 milhões, quase o dobro dos R$ 134,5 milhões do ano passado, o resultado da M.Dias Branco (MDIA3) não agradou os analistas. O principal problema foi o Ebitda, que mede o resultado operacional, mais fraco que o esperado.

Segundo a Ágora, o número fraco foi puxado pela elevação de gastos acima do previsto com vendas, gerais e administrativos. Porém, o seu plano de despesas pode aliviar a queda.

“Gostaríamos de obter mais clareza com relação ao declínio no market share (participação no mercado) no segundo trimestre, apesar da M. Dias continuar a implementar a sua estratégia de crescimento”, afirmaram os analistas Leandro Fontanesi e Ricardo França.C

Para o BTG Pactual, a elevação dos volumes de vendas, que cresceram 31% no ano, para R$ 2 bilhões, não foi suficiente para compensar o Ebitda ajustado de R$ 205 milhões, que ficou 10% abaixo da expectativa.

Já o lucro líquido foi, em parte, beneficiado por ganhos fiscais. Sem isso, o resultado ficaria 36% abaixo da estimativa da corretora.

Perda da participação de mercado preocupa

Os analistas do BTG, Thiago Duarte e Henrique Brustolin, afirmam que a forte recuperação dos volumes de biscoitos e massas, que cresceram 21% e 39%, respectivamente, foram ofuscadas pela perda na participação sequencial de mercado.

“A queda sugere que uma boa parte disso veio por trás do aumento da demanda fornecida pelo programa de ajuda financeira do governo brasileiro, o que pode se comprovar insustentável”, dizem.

De acordo com a Mirae, a queda do market share também pode ter sido impactado pelo aumento de preços.

Por outro lado, o BTG lembra que depois de ano difícil em 2019, a capacidade de ajustar os preços, sem, com isso, prejudicar o mercado (Imagem: Divulgação/M Dias Branco)

“A pressão de custos com trigo e óleo deverá continuar sendo influenciada pelos baixos estoques, que deverá continuar pressionado as margens da empesa”, diz a corretora.

Por outro lado, o BTG lembra que depois de um ano difícil em 2019, a capacidade de ajustar os preços, sem, com isso, prejudicar as vendas, será a chave para a recuperação das margens.

“Isso é particularmente importante, pois a empresa cresce em regiões pouco penetradas e os preços do trigo e o câmbio continuam a implicar em mais pressões de custo à frente”, argumentou.

Otimismo

Já o BB Investimento está mais otimista com a empresa. A analista Luciana Carvalho argumenta que apesar de sazonalmente mais fraco, a tendência positiva para volumes deverá permanecer, como resultado “não apenas da retomada gradual da atividade econômica, mas também pela boa execução da empresa e iniciativas de marketing”.

“O processo de reestruturação iniciado no ano passado tem se mostrado bem-sucedido e compensado, mesmo que parcialmente, os efeitos dos maiores custos”, diz.

Confira as recomendações para a M.Dias Branco

Corretora Recomendação Preço-alvo
Ágora Compra R$ 42
BTG Pactual Neutra R$ 38
Mirae Compra R$ 40,48
BB Investimentos Compra R$ 47