Luz no fim do túnel para Eletrobras (ELET3)? Analistas veem conclusão de acordo com governo se aproximando
Nesta quarta-feira (18), a Eletrobras (ELET3) e a União protocolaram no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para prorrogação, por mais 60 dias, do prazo de conclusão da negociação do acordo relacionado à aspectos de governança e participação na empresa, um entrave pós-privatização da gigante do setor elétrico. As informações presentes no pedido agradaram analistas.
A petição oferece uma série de detalhes que trazem um tom de otimismo para a conclusão de um acordo. Para analistas do BTG Pactual, um dos detalhes mais importantes é que a petição fornece um prazo: janeiro.
- VEJA MAIS: essa lista de 12 criptomoedas pode valorizar até 9.900% nos próximos 9 meses, segundo especialista; confira
Caso o prazo estimado seja cumprido, a assembleia de acionistas da Eletrobras deve ocorrer em fevereiro, sem participação do governo e fundos relacionados.
Na visão do banco, a Eletrobras trabalhou e entregou muito este ano, já que não está mais exposta ao risco na Amazônia. Os analistas citam também a ótima revisão da tarifa de transmissão, vendea e troca de ativos, venda de contratos, corte de custos, entre outros.
“O desenvolvimento das negociações com o governo (mesmo que não se chegue a um acordo) também marcou outro excelente esforço da equipe de gestão”, avaliam os analistas. O BTG tem recomendação de compra para ELET3, com preço-alvo de R$ 59, que representa potencial de alta de 68% para o papel.
Para o Itaú BBA, o desenvolvimento nas negociações é muito positivo, indicando boa progressão, com forte probabilidade de um acordo ser firmado entre as partes no curto prazo.
Os analistas do BBA destacam o cronograma para que o acordo alcance a linha de chegada:
- A Assembleia Geral Ordinária da Eletrobras, que votará o novo conselho de administração, está programada para ocorrer até o final de abril. O convite para esta reunião deve ser submetido com pelo menos 30 dias de antecedência, ou seja, até o final de março;
- Os termos do acordo precisam ser aprovação pelo STF, desssa maneira, precisam ser submetidos com antecedência. O BBA conversou com o CFO da Eletrobras, que indiciou pretensão de submeter esses termos com 30 dias de antecedência, visando o final de fevereiro;
- Para submeter os termos do acordo, eles devem primeiro ser aprovados em Assembleia Geral Extraordinária, também marcada para o final de fevereiro. O convite para essa reunião, detalhando os itens para votação, deve ser emitido com 30 dias de antecedência, ou seja, precisa ser enviado até o final de janeiro.
O Itaú BBA tem classificação “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) para a Eletrobras.
O que está sendo negociado entre Eletrobras e governo?
Segundo fato relevante da Eletrobras divulgado em 5 de dezembro, no momento, as negociações em andamento tratam dos seguintes pontos:
- A participação da União nos conselhos de administração e fiscal da companhia.
- Coordenação de um eventual processo de desinvestimento da Eletrobras de sua participação acionária na Eletronuclear, por meio da busca de um novo acionista.
- Definição de termos que possam permitir a revisão do Acordo de Investimentos celebrado entre a Eletrobras e a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), relacionado ao projeto da Usina Nuclear de Angra 3, considerado o interesse da companhia de se desobrigar do acordo.
- Manutenção das garantias prestadas aos financiamentos contratados em favor da Eletronuclear anteriormente à desestatização da companhia.
- Preservação integral das disposições constantes do art. 3º, III, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 14.182, de 12 de julho de 2021, e dos arts. 6º, 7° e 8º do Estatuto Social da Companhia.
Atualmente em construção, Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). A Eletrobras a é acionista da operadora das usinas, a Eletronuclear, com 35,9% das ações, e o acordo de investimento prevê aportes para a obra.
Uma vez que há interesse da Eletrobras de se desvincular do acordo, estava no radar um possível troca com o governo de parte das ações que tem na companhia para assumir o controle total da Eletronuclear. A estimativa é que a União transfira para Eletrobras entre 2,5% e 3% de sua participação na empresa e assuma 100% da Eletronuclear, que controla as usinas nucleares de Angra 1 e 2 e tem a obrigação de construir Angra 3.
Em entrevista ao Valor Econômico em meados deste ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a afirmar que a União estaria próxima de anunciar um acordo com a Eletrobras.
No comunicado, a Eletrobras esclareceu ainda que a antecipação de recursos devidos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) não está mais sendo tratada. Essa medida que vinha sendo perseguida pelo governo com o objetivo de aliviar a conta de luz.
Analistas do Goldman Sachs apontam que a potencial revisão do compromisso da Eletrobras de construir o projeto Angra 3 e uma potencial sinalização de dividendos mais altos no curto prazo são os principais catalisadores possíveis no radar do mercado.
“Para referência, se de fato nenhum pagamento de CDE for previsto no contexto mais amplo de um acordo com o governo, veríamos espaço para a Eletrobras pagar divind yield (rendimento de dividendo) de dois dígitos em 2025″, dizem os analistas do banco.
O Goldman tem classificação de compra na Eletrobras, que veem sendo negociada com a maior Taxa Interna de Retorno (TIR) real no seetor de serviços públicos entre as empresas cobertas pelo banco, a 15,2%.