Luta entre Powell e taxas de juros americanas pode estar chegando ao fim?
Nesta quarta-feira (20), foi divulgada a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), de manter a taxa de juros entre 5,25% e 5,50% pela quinta reunião consecutiva.
A decisão já era esperada pelo mercado. O CME FedWatch Tool, que analisa as probabilidades de cortes nas taxas, mostrava uma chance de 1% de redução em março.
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Internamente, a escolha foi unânime entre os membros do Comitê. Entretanto, a intensidade dos cortes de juros, ou quando eles serão realizados, não é senso comum para os participantes.
De acordo com o Sumário de Projeções Econômicas (SEP, em inglês), os membros do Comitê esperam juros maiores no curto prazo. Detalhadamente, o cenário segue a seguinte fórmula:
- 1 dirigente vê juros entre 4,25% e 4,50%, em corte de 1 pp;
- 9 dirigentes veem juros entre 4,50% e 4,75% ao fim de 2024, em corte de 0,75 pp;
- 5 dirigentes veem juros entre 4,75% e 5% ao fim de 2024, em corte de 0,50 pp;
- 2 dirigentes veem juros entre 5% e 5,25%, em corte de 0,25 pp;
- 2 dirigentes veem juros no nível atual ao fim de 2024
O Fed também alterou a estimativa da taxa de juro “neutra”, considerada a de equilíbrio para a economia do país, para 2,6%, ante os 2,5% anteriores.
Discurso de Powell trouxe esperança para cortes de juros em junho
Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o mercado interpretou o discurso de forma mais “dovish” (suave), apesar de Jerome Powell, presidente do Fed, ter se mantido reticente sobre quando os cortes serão realizados.
Powell afirmou que, “em termos de tempo, eu diria que podemos reduzir as taxas muito em breve, mas não quero ser mais específico do que isso”.
Além disso, a fala do presidente sobre o pico da política monetária aumentou a esperança de que os primeiros cortes podem ser realizados em junho.
O CME FedWatch Tool também comprova essa teoria. Antes do discurso, as apostas para junho estavam em 64%, mas a probabilidade aumentou para 74,6%.
“Entre os destaques principais, está a fala sobre o emprego estar caminhando para o equilíbrio, o trabalho do Fed caminhando bem para a desinflação e a política monetária estar em seu pico, o que ajudou a animar os mercados e a derrubar o dólar”, finalizou Fernandes.
Futuro da economia norte-americana também está no radar
Já para Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, “se debruçando nos detalhes das novas projeções de crescimento, inflação e expectativa da trajetória de juros para além de 2024, claramente percebe-se um movimento mais conservador que ainda sugere uma postura mais prudente da autoridade monetária americana”.
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Sobre o discurso de Powell, Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, destaca que, “de maneira geral, o discurso dele coloca toda a atenção nos próximos números de inflação e diminui a relevância dos dados de atividade para a definição do início do ciclo de cortes”.
Para 2024, 2025 e 2026, são esperados aumentos no PIB norte-americano de, respectivamente, 2,1% e 2% nos anos seguintes.