Economia

Lula x Campos Neto: Para Nobel de economia, um lado está correto

02 mar 2023, 16:35 - atualizado em 02 mar 2023, 16:35
Lula
Para o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o presidente Lula está correto em seus questionamentos sobre a Selic (Imagem: Flickr/Lula Oficial/Ricardo Stuckert/PR)

Para o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, a centro-esquerda se tornou a melhor em gerir a economia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está correto em seus questionamentos sobre a Selic, a taxa básica de juros. 

Em entrevista exclusiva para o BBC News BrasilStiglitz falou sobre suas percepções sobre a elevação da taxa de juros, meta da inflação, gestão da economia, entre outros tópicos voltados para o mundo, América Latina e Brasil.

Stiglitz é economista vencedor do Nobel, professor da Universidade de Columbia (EUA) e atuou como economista-chefe do Banco Mundial entre 1997 e 2000.

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Elevação de juros pode fazer mais mal do que bem

Stiglitz afirmou à BBC News Brasil que os bancos centrais do mundo erram ao combater a inflação atual com elevação de juros.

O economista avalia que a alta no custo de vida que impacta o mundo está atrelada às restrições na oferta, que ocorre devido ao contexto pós-pandêmico e impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que já completou um ano e impõe restrições fiscais e provoca desaceleração da economia mundial.

Assim, explica que, no contexto atual, elevar juros – uma medida de política monetária cujo objetivo é aumentar o custo e restringir a oferta de crédito, esfriando a economia para reduzir a inflação – pode fazer mais mal do que bem.

Sobre o conflito entre o presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o Nobel defende que o presidente da república está correto em seus questionamentos sobre o patamar que a Selic está – de 13,75% desde agosto de 2022.

“Há um custo enorme em ter taxas de juros altas. Isso coloca o Brasil em desvantagem competitiva, estrangula as empresas brasileiras, enfraquece a economia do país. Então o presidente Lula está absolutamente correto em estar preocupado com essas questões”, disse Stiglitz à BBC News Brasil.

Metas de inflação tiradas ‘do nada’

Enquanto Lula argumenta que os juros estão estrangulando a economia, Campos Neto defende o mandato do Banco Central de perseguir a meta de inflação do país, de cerca de 3%. Questionado sobre como enxerga este embate em torno do nível da taxa Selic, o Nobel afirmou que as metas de inflação – que na Europa e nos EUA é de 2%, e  3% no Brasil– são tiradas do nada.

“Elas não têm base alguma na teoria econômica ou na experiência econômica”, diz o Nobel.

O economista destaca que há preocupação com a existência de uma espiral inflacionária, mas pontua que, neste momento, não há evidências disso. “Eu não sei todos os detalhes para o Brasil, mas posso dizer enfaticamente que não há evidência de uma espiral inflacionária nos EUA e, de maneira geral, globalmente”, dz.

Conflito Lula x Campos Neto

Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva travou uma guerra com o Banco Central. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vestiu a camisa de algoz e segue criticando a autoridade monetária.

Em entrevista a Guilherme Amado, colunista do Metrópoles na quarta-feira (1), a deputada chegou a defender que Roberto Campos Neto deveria pedir demissão do cargo de presidente do Banco Central.

“Ele [Campos Neto] tinha que pedir para sair do Banco Central. Ele não tem nada a ver com esse projeto que ganhou nas urnas”, disse Hoffmann ao ser questionada sobre a relação do chefe da autoridade monetária com o governo. “Seria mais fácil para ele, para nós, para todo mundo, para o Brasil”, completou.

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