Eleições 2022

Lula vs Bolsonaro: Disputa deve ser definida por eleitor pragmático, que “vota com o bolso”

21 jul 2022, 15:42 - atualizado em 21 jul 2022, 16:17
Lula e Bolsonaro
Cerca de 75% do eleitoral já definiu o voto entre Lula ou Bolsonaro, diz analista (Imagem: Bloomberg)

O resultado das eleições presidenciais de 2022 pode ser definido por cerca de 25% do eleitorado. Isso porque a soma daqueles que devem votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas, ou no presidente Jair Bolsonaro (PL) chega a quase 75%, conta o analista político Felipe Berenguer, da Levante Corp, com base em um agregador de pesquisas eleitorais.

As pesquisas eleitorais mais recentes mostram, além do números de intenções de voto, a convicção dos eleitores em seus votos. Quem se decidiu pelos dois líderes das pesquisas não deve mudar de opinião e, assim, resta atrair os votos dos 25% restante para confirmar a vitória no primeiro ou segundo turno.

Apesar do cenário de polarização não ser novidade na história recente do País, será a primeira vez desde a redemocratização que um presidente da República enfrentará um ex-ocupante do cargo.

Outro fato inédito no pleito deste ano é a criação de programas sociais às vésperas das eleições, visto que a PEC das bondades, aprovada pela Câmara dos Deputado, na quarta-feira (13), por 469 votos a 17 votos, prevê o gasto de R$ 41,2 bilhões em benefícios sociais, como a elevação do Auxílio Brasil e do vale gás, além da criação do voucher caminhoneiro.

Para Felipe Nunes, cientista político e diretor da Quaest Consultoria e Pesquisa, medidas como a PEC das bondades ou a redução no preço dos combustíveis por meio da limitação do ICMS são uma tentativa do presidente Bolsonaro – e da sua base aliada – de gerar na população a expectativa de que o governo atual é capaz de resolver os problemas econômicos do País.

Segundo a última pesquisa da Genial/Quaest, 44% da população considera que a economia é o principal problema do Brasil hoje. As questões sociais aparecem em segundo lugar, com somente 17%, mostrando o peso da pauta econômica no período em que a inflação medida pelo IPCA acumula alta de 11,89% nos últimos 12 meses.

Nunes também explica que o eleitor pragmático, isto é, “aquele que não vota de acordo com sua ideologia” e que, consequentemente, não é “Lulista ou Bolsonarista”, costuma aprovar governos que trazem bem-estar e reprovar gestões que não o fazem. No cenário brasileiro, é justamente esse eleitor que deve definir o rumo das eleições.

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O impacto da PEC das bondades sobre o eleitorado

Embora haja consenso em classificar as medidas recentes do presidente Bolsonaro como eleitoreiras, os analistas políticos divergem sobre os possíveis efeitos da PEC das bondades sobre o eleitorado.

O diretor da Quaest, Felipe Nunes, chama atenção para o ineditismo da criação e expansão de benefícios sociais às vésperas das eleições. “É importante ressaltar que medidas como essas são inéditas na história política brasileira”, conta o cientista político. “Logo, a nossa capacidade de mensurar os efeitos ainda é restrita”, completa.

Apesar das limitações em prever o impacto da PEC das bondades, Nunes considera que a aprovação da medida deve trazer algum resultado político para Bolsonaro. “O que não sabemos é o tamanho do efeito – se será grande ou pequeno”, diz.

Por outro lado, o analista político Felipe Berenguer, da Levante Corp, avalia que o pacote de medidas talvez tenha um efeito limitado, uma vez que foi aprovado próximo demais das eleições. “Existe um déficit para que o resultado das medidas seja convertido em ganho de popularidade”, diz.

Berenguer lembra também que a criação do Auxílio Brasil, em outubro de 2021, não trouxe ganho político imediato para Bolsonaro e que, no momento, a alta rejeição é o principal problema do presidente, que, segundo a pesquisa PoderData da terça-feira (20), é de 52% contra 38% do ex-presidente Lula.

Além disso, Berenguer não acredita que o eleitor com renda de até um salário mínimo, que hoje vota majoritariamente em Lula, deva trocar de candidato por conta dos benefícios sociais recém aprovados.

Entretanto, o analista considera que o eleitorado que atualmente não vota em Lula ou Bolsonaro pode mudar de voto até as eleições. “Acredito que esse eleitor vai escolher um lado [entre os dois candidatos mais cotados]. Uma parcela vai votar nulo, mas a parte do Ciro Gomes (PDT) deve ir para o Lula, enquanto que a parte da Simone Tebet (MDB), para o Bolsonaro”, conta.

Já Felipe Nunes, da Quaest, ressalta que as pesquisas representam apenas um diagnóstico do cenário atual. “Estamos no meio do processo eleitoral, é verdade que o Lula aparece como favorito, mas a disputa ainda está esquentando”, diz.

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